524: Vivências SUS como Identidade Formadora | |
Debatedor: Erick Rodrigues de Souza Alves | |
Data: 31/10/2020 Local: Sala 26 - Rodas de Conversa Horário: 08:00 - 10:00 | |
ID | Título do Trabalho/Autores |
7249 | DEPOIS DAS GRADES E APESAR DELAS: SAÚDE COMO CAMINHO DE LIBERDADE PARA MULHERES DA UNIDADE PENITENCIÁRIA FEMININA DE MANAUS. Geovana dos Santos Magalhães, Carolina Moresi Vieira, Cecília Maria Alves de Freitas, Karina de Paiva Rodrigues, Maria Esther Lima Rios Evangelista, Micaela Costa Cavalcante, Natália Alves Sória, Natasha Alkmim dos Santos DEPOIS DAS GRADES E APESAR DELAS: SAÚDE COMO CAMINHO DE LIBERDADE PARA MULHERES DA UNIDADE PENITENCIÁRIA FEMININA DE MANAUS.Autores: Geovana dos Santos Magalhães, Carolina Moresi Vieira, Cecília Maria Alves de Freitas, Karina de Paiva Rodrigues, Maria Esther Lima Rios Evangelista, Micaela Costa Cavalcante, Natália Alves Sória, Natasha Alkmim dos Santos
Apresentação: O aumento brutal de 567,4% de mulheres encarceradas entre os anos de 2006 e 2014 em contraposição ao dos homens – que cresceu 220% – indica que a atenção a esse grupo é emergente. De acordo com a lei 7.210 de execução penal, os detentos têm direito a condições básicas de higiene e saúde, porém, a realidade brasileira não é esta. A não existência de uma política de saúde prisional voltada para o público feminino especificamente, além de presídios com ineficientes ou ausentes instalações médicas/odontológicas e de psicologia refletem o difícil cotidiano dessas mulheres. No Estado do Amazonas, a Unidade Penitenciária Feminina de Manaus conta com instalações médico odontológicas e de psicologia, entretanto não atende de forma ampla as necessidades das detentas. Desta forma, urge que projetos sejam criados para tentar mitigar a negligência a que esses nichos sociais têm sido submetidos. Assim sendo, o projeto de extensão – Depois das grades e apesar delas: saúde como caminho de liberdade para mulheres da Unidade Penitenciária Feminina de Manaus – foi criado objetivando buscar uma prática de atenção em saúde inovadora e humanitária. O projeto desenvolvido na Penitenciária Feminina de Manaus – UPFM pelos alunos da Universidade Federal do Amazonas (UFAM) se fundamentou em promover ações principalmente voltadas à saúde, tendo em vista que os alunos envolvidos eram dos cursos de Medicina, Enfermagem e Educação Física. Todas as atividades efetuadas tinham como intuito desenvolver a consciência humanitária nos alunos, já que as grades curriculares dos cursos citados aborda predominantemente uma visão do indivíduo como máquina orgânica, subestimando sua complexidade biopsicossocial, de forma que os futuros profissionais da área da saúde considerem, além do biológico, também outros aspectos determinantes na saúde dos indivíduos. Por meio de visitas quinzenais à UPFM, a equipe tem realizado ações de prevenção de doenças e promoção de Saúde, dentro da perspectiva do empoderamento dessas mulheres acerca de seus direitos e do acesso a eles, considerando sua peculiar condição de encarcerada. Desenvolvimento: O desenvolvimento do projeto consiste em visitas quinzenais à UPFM com o intuito de realizar ações de prevenção em saúde, tais quais execução de teste rápido, preventivo do câncer de colo de útero, exames dermatológicos e etc.; ações de promoção de saúde, por meio de rodas de conversa abordando temáticas como saúde mental, autoestima e empatia; além de serem disponibilizados serviços correspondentes a essas orientações como: cortes de cabelo, escovação, e esmaltação. A cada visita também são oferecidos lanches e brindes para exercitar a convivência e integração interpessoal. Os alunos integrantes do projeto participam de reuniões semanais onde desenvolvem-se discussões pertinentes ao funcionamento, principais dificuldades, desafios, políticas públicas e a realidade do sistema prisional amazonense e brasileiro. É imprescindível que, para atuar na UPFM, os acadêmicos envolvidos tenham conhecimento acerca das problemáticas dentro da penitenciária, por meio de oficinas oferecidas por funcionários do poder público que atuam com esse tema e, além disso, por meio de diálogos com as próprias encarceradas. Resultado: Nota-se o crescimento, em termos de adesão, tanto por parte das mulheres em cárcere – público-alvo do projeto – quanto por parte de discentes. Os atendimentos dermatológicos e as coletas de preventivo têm sido de grande importância para diagnóstico de possíveis patologias e esclarecimento de dúvidas relacionados ao cuidado e prevenção de doenças. As visitas quinzenais também permitiram a obtenção de conhecimento acerca de temas considerados tabus pela sociedade, como a educação sexual e a prevenção de infecções sexualmente transmissíveis. As atividades interativas têm permitido uma maior aproximação com as detentas promovendo a oportunidade de demonstrar o interesse do projeto em auxiliá-las quanto ao acesso aos direitos como cidadãs e o desdobramento de atividades que possam contribuir para a ressocialização dessas mulheres após o cumprimento de seus deveres penais. Além disso, observa-se o aumento da colaboração de diversos voluntários na execução das atividades do projeto, que vem ocorrendo nos últimos cinco anos e que, apesar de atualmente estar circunscrita ao regime fechado, já fora desenvolvido nos regimes aberto e semiaberto. A Lei de Execução Penal, art. 1º afirma sobre a importância da inserção e integração social de presidiários após o cumprimento de sua pena (Brasil, 1984). O projeto “Depois das Grades e Apesar Delas” tem buscado reafirmar a necessidade de o ambiente carcerário constituir, além do papel retributivo e preventivo, o de reintegração do indivíduo à sociedade. Adentrar na realidade prisional tem permitido aos discentes um maior entendimento sobre a urgência de reestruturação do sistema penitenciário vigente para diminuir os altos índices de reincidência ao crime. Sabendo que as ciências da saúde têm agregado o caráter social as suas práticas, e não somente o caráter biológico, o projeto é imprescindível para formação profissional dos acadêmicos da área da saúde, favorecendo um melhor entendimento dos determinantes sociais presentes no Presídio Feminino de Manaus. Ademais, vale ressaltar que a realização de projetos como esse auxilia no enfoque da população carcerária, oferecendo maiores oportunidades, acesso à saúde e informações acerca de seus direitos fundamentais. Considerações finais: Levando em consideração os objetivos principais do projeto, as atividades desenvolvidas no Presídio Feminino de Manaus permitiram aos alunos a oportunidade de partilhar com as carcerárias os conhecimentos relacionados à saúde adquiridos durante a graduação, a observação da realidade vivenciada pelas detentas e o entendimento da necessidade de ações que visem a reinserção dessas mulheres na sociedade. Ademais, as reuniões semanais com profissionais envolvidos no sistema prisional de Manaus, proporcionaram abordagens voltadas ao conhecimento dos direitos prisionais, discussões acerca de políticas públicas comparando com a atual situação vivenciada e a importância de projetos como este para a comunidade carcerária. Com isso, os encontros quinzenais com as encarceradas permitiram um melhor entendimento da perspectiva e da realidade dessas mulheres pelos discentes, fazendo com que elas se sentissem compreendidas, o que não acontece com os presos no Brasil. Destarte, percebeu-se que o público alvo do projeto mostrou grande interesse pelos temas abordados sobre saúde, ao mesmo tempo em que as atividades interativas e os atendimentos médicos foram importantes para o aconselhamento em relação às mudanças necessárias para uma futura reinserção social e para conscientização quanto a prevenção e diagnóstico de possíveis doenças, respectivamente. |
8570 | GÊNERO E A FORMAÇÃO EM PSICOLOGIA Vanesssa Herdy GÊNERO E A FORMAÇÃO EM PSICOLOGIAAutores: Vanesssa Herdy
Apresentação: Este trabalho propõe uma aproximação entre os estudos de gênero e a Psicologia, enquanto campo de saber e profissão, entendendo que o sexismo produz importantes marcas nos modos de subjetivação. A ideia é pensar como essa discussão vem sendo situada nos espaços de formação e produção de conhecimento e quais são suas implicações nas práticas e discursos que vão sendo forjados. Partindo de algumas experiências de uma mulher cisgênero ao longo de seu percurso formativo no “tornar-se” psicóloga, inicia-se uma breve revisão bibliográfica do conceito de gênero, que vai sendo forjado a partir das diferentes modulações em torno da universalização dos papéis sociais atribuídos a cada gênero e as relações de poder. Em seguida, propõe-se uma reflexão sobre a presença preponderante de mulheres no curso de graduação em Psicologia e no exercício da profissão, na medida em que a teoria assume uma posição desimplicada em relação as marcas sociais dos processos de subjetivação, operando dentro do registro da neutralidade científica. A produção de conhecimento reitera assim o discurso hegemônico e se constitui como forma de colonização do pensamento, que silencia outros modos de vida para além do olhar branco, europeu e masculino. Nesse ponto, a crítica feminista às ciências expõe os limites da suposta neutralidade e problematiza o estatuto do homem universal. Por fim, algumas questões são levantadas acerca das implicações da invisibilidade da questão de gênero na formação e nas práticas que se sustentam a partir deste lugar, inclusive no campo da saúde, pensando no contexto de um sistema único que se propõe universal e igualitário, que é o caso brasileiro. O trabalho aponta para a importância de propor modos de produção de conhecimento que operem a favor da equidade, reafirmando a diferença como forma de torná-la visível e pensar o que se tem produzido com ela e através dela. Um caminho possível é trazer esse problema aos espaços de formação, o que implica de certa forma em torná-los mais permeáveis e horizontais. |
8577 | A EXTENSÃO UNIVERSITÁRIA NA FORMAÇÃO EM PSICOLOGIA: NOSSO TRAJETO EXPERIMENTANDO O APOIO MATRICIAL NO SUS Ricardo Sparapan Pena, Mayara Ramos de Sousa, Paloma Soares Fonseca, Ana Caroline Rodrigues Justem, Caio Junior Laranjeira Camilo, Ana Laura Matos Moraes A EXTENSÃO UNIVERSITÁRIA NA FORMAÇÃO EM PSICOLOGIA: NOSSO TRAJETO EXPERIMENTANDO O APOIO MATRICIAL NO SUSAutores: Ricardo Sparapan Pena, Mayara Ramos de Sousa, Paloma Soares Fonseca, Ana Caroline Rodrigues Justem, Caio Junior Laranjeira Camilo, Ana Laura Matos Moraes
Apresentação: Este trabalho busca apresentar uma experiência de formação em Psicologia na relação com os serviços de Atenção Básica e Saúde Mental no município de Volta Redonda (RJ). Por meio do projeto de extensão universitária “Experiências de apoio à gestão na rede de saúde mental de Volta Redonda”, desenvolvemos um trajeto formativo junto à rede de saúde para o apoio matricial às equipes de saúde das Unidades Básicas de Saúde (UBS) e Estratégia Saúde da Família (ESF). Participam deste projeto um grupo composto por professor e alunos do curso de Psicologia da Universidade Federal Fluminense – Instituto de Ciências Humanas e Sociais de Volta Redonda, juntamente com trabalhadores e gestores dos serviços de Atenção Básica e Saúde Mental do município. Este projeto está em curso desde o ano de 2015, derivando outros produtos como textos, apresentações em congressos, projetos de apoio acadêmico compondo com a assistência estudantil, novas disciplinas na universidade, além das leituras e discussões de casos com as equipes dos serviços referidos. Para a entrada em campo, o projeto se fundamenta na indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão universitária, na perspectiva formativa que considera a universidade como um dos pontos na sustentação das ações de educação em saúde, na relação intrínseca entre clínica, gestão e política pública, assim como na ampliação da clínica. Os encontros entre o grupo de extensão universitária (professor e alunos, neste caso, desenvolvendo experiências de apoio matricial) e as equipes de saúde são semanais, durando de duas a três horas. Cada encontro ocorre em uma unidade de saúde diferente, sendo que as unidades visitadas são definidas pelas equipes conforme demanda. Na prática, consistem em discussões de casos onde as equipes apresentam suas dificuldades no acolhimento, com a política de saúde mental e seus componentes na Rede de Atenção Psicossocial (RAPS), na produção de ofertas de saúde, na função da Atenção Básica no cuidado em Saúde Mental, assim como na construção de Projetos Terapêuticos Singulares (PTS) em rede. Para esses encontros, os relatos dos casos definidos pelas equipes são redigidos anteriormente, seguindo um roteiro elaborado pelo grupo de extensão e disponibilizado aos trabalhadores e gestores durante o curso da experiência. O roteiro aborda cinco pontos que exprimem as principais questões que o grupo de extensão considera necessárias para produzir reflexões acerca da pergunta principal que norteia os encontros: porque esta equipe precisa de apoio matricial? Refletir sobre esta pergunta tem nos questionado sobre os efeitos produtores de redes de cuidado em saúde, os quais podem ser disparados pelo apoio matricial. Ao se perguntarem sobre suas necessidades de matriciamento, trabalhadores e gestores também produzem visibilidade às demandas por implementação de ações de Educação Permanente em Saúde (EPS) e fomento do trabalho das equipes para a corresponsabilização do cuidado em rede. Os pontos abordados no roteiro, resumidamente, são os seguintes: 1) Identificação (buscando conhecer o usuário, mapear o território onde mora, quais profissionais compõem a equipe que o referencia, os serviços envolvidos no cuidado, a composição familiar o panorama socioeconômico); 2) Queixa que o usuário apresenta/entendimento da equipe sobre a queixa (neste ponto, busca-se compreender as questões subjetivas que os usuários dos serviços apresentam, as quais também são clínicas e sociais, e o modo como a equipe entende as queixas trazidas pelos usuários, quais medicamentos estão em uso); 3) História de vida (buscar o maior número de informações possíveis sobre aspectos importantes da infância, adolescência e da vida adulta, tratamentos anteriores, início dos problemas que se apresentam atualmente); 4) Trabalho desenvolvido pela equipe com o usuário (aquilo que a equipe já vem desenvolvendo com o usuário, mas que, em muitos momentos, não visualiza – visitas domiciliares, consultas, discussões de caso com outros serviços, ofertas em saúde e intersetoriais); 5) Encaminhamentos (sugestões que a equipe tem para o cuidado e para a possível construção do PTS, direcionamentos para o cuidado compartilhado construídos nas reuniões de apoio matricial). A importância de guiarmos os encontros com as equipes a partir da elaboração dos relatos dos casos é fundamental para que se construa um plano de intercruzamento das várias dimensões que compõem a clínica, a política e a formação em saúde e em Psicologia. Não concebemos uma formação em Psicologia descolada de uma formação em saúde. Relativo a isso, pautamos o ensino na relação com os serviços e atores que operam os processos de trabalho em saúde, buscando uma aprendizagem em campo consonante com os princípios e diretrizes do SUS. Neste sentido, aprimoramos os resultados deste nosso trabalho de extensão universitária realizando pesquisa, publicando textos, e também aliando este trabalho ao de desenvolvimento acadêmico, quando acolhemos bolsistas que desempenham atividades acadêmicas para a amplificação dos estudos na interface Psicologia – SUS, assim como ao de monitoria, colocando em curso duas novas disciplinas optativas para o cursos de Psicologia e outros interessados, com vagas abertas aos trabalhadores das redes de saúde de Volta Redonda e região. Com um total de 36 unidades de Atenção Básica e Estratégia Saúde da Família participantes, entre os efeitos e aprendizados que colhemos estão as pactuações para o apoio matricial entre as próprias equipes, com uma agenda de encontros semanais entre serviços se formando independentemente da presença do grupo de extensão nas unidades de saúde, demonstrando a potência do matriciamento para construir redes e promover aprendizados sobre o cuidado em Saúde Mental na Atenção Básica. Além disso, criamos duas disciplinas optativas para o curso de Psicologia intituladas “Clínica Ampliada” e “Clínica e Cuidado em Saúde Mental na Atenção Básica”, as quais e recebem, atualmente, trabalhadores e gestores dos municípios de Volta Redonda, Barra Mansa e Rio Claro, além de alunos de outras universidades locais. Ambas discutem, em geral, a articulação entre a teoria e as práticas clínicas e de cuidado em saúde no SUS, desenvolvendo o debate acerca da ampliação da clínica, das práticas de saúde em equipe e na gestão, além das análises críticas sobre o trabalho em saúde e a produção de subjetividades neste campo. Em 2020, entramos em uma nova etapa do projeto, propondo que os encontros entre trabalhadores, gestores e o grupo de extensão ocorram em oficinas mensais, abordando em todas elas os componentes da RAPS, objetivando discutir a função da Atenção Básica na Rede de Atenção Psicossocial e envolvendo os serviços em um processo que denominamos como oficinas de construção de redes de cuidado em Saúde Mental. Nossos aprendizados com esta experiência de apoio matricial afirmam a formação de psicólogos, futuros trabalhadores da saúde, na esteira das discussões e práticas clínicas e de gestão que sustentam as políticas públicas de saúde no SUS. Apostamos na extensão universitária e no apoio matricial como dispositivos para uma formação em Psicologia próxima dos atores que cotidianamente desenham a trajetória da saúde como uma produção coletiva, como uma produção no público, isto é, promovendo conhecimentos que, ao transformarem as formas de cuidar, afetam também as formas de viver. |
8640 | REPERCUSSÕES DO ESTÁGIO EM SAÚDE PÚBLICA DO CURSO DE FISIOTERAPIA EM UM BAIRRO NO INTERIOR DO AMAZONAS – PERCEPÇÕES DE DOCENTES SUPERVISORES Alessandra Araújo da Silva, Juliberta Alves de Macêdo REPERCUSSÕES DO ESTÁGIO EM SAÚDE PÚBLICA DO CURSO DE FISIOTERAPIA EM UM BAIRRO NO INTERIOR DO AMAZONAS – PERCEPÇÕES DE DOCENTES SUPERVISORESAutores: Alessandra Araújo da Silva, Juliberta Alves de Macêdo
Apresentação: O estágio supervisionado em Saúde Pública do curso de Fisioterapia da Universidade Federal do Amazonas do município de Coari proporciona aos acadêmicos a vivência no contexto das ações da Atenção Primária à Saúde (APS). O bairro que recebe o estágio assemelha-se a uma área rural, as condições socioeconômicas e de saúde dos moradores, bem como a infraestrutura do bairro são precárias. Objetivo: Relatar a experiência de supervisores do estágio em Saúde Pública elucidando como a presença de estudantes e docentes do curso de Fisioterapia na APS impactam e repercutem numa comunidade. Desenvolvimento: O estágio contou com a participação de estagiários acompanhados por uma docente no semestre de 2019.1. Realizou-se uma reunião com os ACS para discutir quem necessitava de atendimento fisioterapêutico e após a organização do serviço, os estagiários se direcionaram ao encontro dos pacientes. Foi observado que após o início dos atendimentos em domicílio, a comunidade local mobilizou-se em busca de assistência reabilitativa para algum conhecido ou parente, refletindo na demanda de atendimentos. As buscas de atendimentos em Fisioterapia foram para crianças, adultos e idosos. Resultado: Muitas das incapacidades funcionais encontradas foram em pessoas que durante a maior parte da vida tiveram como atividade laboral a agricultura ou estão aposentadas. Outro aspecto percebido foi que o indivíduo que necessita de atendimento em Fisioterapia é o provedor familiar. Essas pessoas veem naquele profissional a esperança de retornar à atividade laboral que gera renda financeira para sua família. Assim como a comunidade local, os profissionais da atenção primária da UBS, também valorizaram a equipe de Fisioterapia, porque houve interdisciplinaridade na atuação dos casos, propiciando uma melhor atenção à saúde da comunidade. O estágio foi finalizado com a IX Feira de Saúde Pública, que contou com atendimentos em diversas áreas e educação em saúde à comunidade. A feira mobilizou os moradores da comunidade, que compareceram em peso e participaram de todas as atividades proporcionadas. A valorização da equipe de fisioterapia da universidade pode ter sido influenciada pelo acolhimento ao usuário com a escuta qualificada desde o primeiro contato em seu domicílio, devido a longitudinalidade do cuidado, além de fatores sociais, como as limitações econômicas dos moradores, situação de moradia e infraestrutura precária do bairro. Essa valorização mostra ao estagiário a importância do profissional fisioterapeuta na atenção primária, pois a comunidade reconhece o trabalho desempenhado por este profissional, que carrega em sua essência a reabilitação. Apesar da dificuldade de alcançar determinadas residências, condições climáticas adversas e ausência de alguns materiais, ainda foi possível ofertar um atendimento de qualidade à comunidade. Considerações finais: O estágio em Saúde Pública oferece aos moradores do bairro um atendimento diferenciado e por isso é bastante valorizado pela população local. O contato no lar proporciona ao acadêmico a inserção da família no processo de cuidado e um melhor feedback com os serviços de saúde da APS. |
8644 | A EXTENSÃO UNIVERSITÁRIA NO COMBATE À DENGUE Allana Oliveira Lima, Soraya Solon A EXTENSÃO UNIVERSITÁRIA NO COMBATE À DENGUEAutores: Allana Oliveira Lima, Soraya Solon
Apresentação: A Liga Acadêmica Multidisciplinar em Saúde do Adolescente (LAMSA), vinculada a Faculdade de Ciências Farmacêuticas, Alimentos e Nutrição/UFMS, realiza diferentes ações de extensão para promoção da saúde do adolescente. Com 8 anos de atuação, são diversos os espaços de encontro dos adolescentes com os acadêmicos da LAMSA (CRAS, ONG, Centros de Convivência, igrejas, entre outros), porém, a parceria com as escolas possibilita trabalhar com quantidade maior de adolescentes, locais mais adequados, fortalecimento da educação entre pares e capacitação dos professores. Esse trabalho descreve uma estratégia para prevenção da dengue proposta pela Superintendência de Vigilância Epidemiológica/SESAU para o grupo de trabalho Intersetorial do Programa Saúde nas Escolas (GTI-PSE), com o protagonismo da LAMSA na execução das ações em escolas públicas. Os acadêmicos foram capacitados pela Coordenadoria de Controle de Endemias Vetoriais/CCEV/SESAU para realização de oficina com duração de 2 h/aula, nas quintas à tarde, entre 26/09 até 12/12/2020. A oficina foi oferecida pelo GTI para 12 escolas pactuadas ao PSE. A SESAU se responsabilizou pelo transporte dos acadêmicos. A oficina foi realizada apenas em 3 escolas municipais pois houve dificuldades no transporte disponibilizado pela SESAU então só foi possível atender as escolas que confirmaram o interesse pela oficina da dengue até o mês de outubro de 2019. A maioria das escolas demonstrou maior interesse pelas oficinas com tema sexualidade/IST (pela confirmação mais rápidas dessas), também disponibilizada pela LAMSA. Para iniciar a oficina foi confeccionado um crachá contendo o nome do estudante e uma frase ou desenho que indicasse o conhecimento prévio do adolescente sobre a dengue. A oficina foi conduzida a partir do jogo “Batata quente” e “morto-vivo” com perguntas sobre a dengue, também foi organizada uma cruzadinha com conhecimentos sobre a dengue. Esse planejamento não foi totalmente efetivo pois as escolas não cumpriram com a faixa de idade solicitada, acima do 7º ano - adolescentes. A idade dos alunos de 5º e 6º ano não é adequada para a oficina planejada. Os professores não apoiaram ativamente a execução das oficinas. Os profissionais da saúde não foram avisados sobre a ação na escola e, portanto, a oficina não foi reconhecida como atividade do PSE. Desse modo fica claro que mesmo com a “Situação epidêmica” atual do município de Campo Grande as atividades de prevenção à dengue, contidas no plano, portanto, tiveram diversas inconsistências, causando assim sobrecarga dos ligantes. Apesar das dificuldades houve participação e muita curiosidade dos alunos pelo assunto prevenção da dengue. A perspectiva é continuar e ampliar o vínculo com as escolas estimulando a educação entre pares e a procura pelo atendimento de saúde do território. Espera-se uma melhor execução do PSE para que a LAMSA possa atuar o mais efetivamente possível. |
8656 | RELATO DE EXPERIÊNCIA SOBRE AS PERCEPÇÕES DE ACADÊMICOS DO CURSO DE SAÚDE COLETIVA DE UMA UNIVERSIDADE PÚBLICA NO PARÁ DIRECIONADOS A ELABORAÇÃO DO I SIMPÓSIO DE SAÚDE E EDUCAÇÃO NO TRÂNSITO NO MUNICÍPIO DE MARABÁ (PA) Luciana Pereira Colares Leitão, Carlla Danyelle Batista Silva, Christian Souza de Araújo, Mikaelle Claro Costa Silva Ferraz, Isabella Piassi Dias Godói RELATO DE EXPERIÊNCIA SOBRE AS PERCEPÇÕES DE ACADÊMICOS DO CURSO DE SAÚDE COLETIVA DE UMA UNIVERSIDADE PÚBLICA NO PARÁ DIRECIONADOS A ELABORAÇÃO DO I SIMPÓSIO DE SAÚDE E EDUCAÇÃO NO TRÂNSITO NO MUNICÍPIO DE MARABÁ (PA)Autores: Luciana Pereira Colares Leitão, Carlla Danyelle Batista Silva, Christian Souza de Araújo, Mikaelle Claro Costa Silva Ferraz, Isabella Piassi Dias Godói
Apresentação: No Brasil são estimados cerca de 37 mil acidentes/eventos no trânsito anualmente, envolvendo, em sua maioria, indivíduos entre 18 e 60 anos (90,5%). Em Marabá-PA, apenas no ano de 2018 o Hospital Municipal atendeu a 4.534 vítimas de eventos no trânsito, impactando em gastos públicos com tratamento e hospitalizações no SUS e, principalmente, sofrimento aos envolvidos e familiares. Neste contexto, os acidentes de trânsito caracterizam-se como importante problema de saúde pública. Com isso, iniciativas e estratégias para promoção de medidas direcionadas a educação no trânsito, bem como a discussão e a reflexão frente a esta temática, tornam-se necessárias a fim de contribuir para a redução de ocorrências e óbitos em decorrência do trânsito. A educação no trânsito, que pode ser estabelecida desde os primeiros anos escolares até o ensino superior, deve ser uma temática a ser dialogada, pois novos saberes são assimilados pelos indivíduos e no decorrer do tempo a visão dos mesmos sobre o trânsito se altera para uma lógica mais social e de saúde. Objetivo: Demonstrar as ações e percepções de estudantes do curso de Bacharelado de Saúde Coletiva da Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará (UNIFESSPA) direcionados com a elaboração e realização do I Simpósio de Saúde e Educação no trânsito no município de Marabá (PA), a fim de sensibilizar estudantes da UNIFESSPA, bem como a população sobre os riscos no trânsito e os desafios enfrentados no município. Resultado: O Simpósio foi promovido no auditório do campus I da UNIFESSPA, no dia 22/11/2019, no período de 08h às 18h. Sendo importante ressaltar que o projeto “Educação no Trânsito como uma Importante estratégia para a Prevenção de acidentes Promovida por Universitários do Município de Marabá”, Portaria IESB/UNIFESSPA N132/2019, foi o responsável junto à sua equipe e discentes das turmas 2016, 2018 e 2019 de Saúde Coletiva, e outros alunos dos cursos de Geografia e Pedagogia pela criação do evento. Para a realização foi necessária a divisão de grupos para definir o formato do evento, a organização, Coffee break, sonoplastia, apresentação, credenciamento e decoração. Os temas do I Simpósio de Saúde e Educação no Trânsito foram abordados por profissionais de diversos órgãos ligados ao trânsito como a Policia Rodoviária Federal e Departamento Municipal de Trânsito Urbano e instituições de saúde, como SAMU e profissionais do Hospital Regional, que ministraram rodas de conversa, palestras e mesas redonda que fez os futuros profissionais e os demais presentes notarem que a saúde não está diretamente ligada a clínicas e hospitais, mas também as atividades cotidianas na sociedade. O maior enfrentamento na elaboração do Simpósio foi ajustar os horários de cada profissional para desenvolver o cronograma. Considerações finais: Com o expansionismo da palavra saúde, problemáticas cotidianas como o trânsito, tornou-se gerador de doenças e riscos ao bem-estar da população. Deste modo eventos, seminários e palestras que buscam trabalhar com estratégias e sensibilizações com foco em educação no trânsito são de total relevância para educação e saúde pública, de modo a ampliar a visão para uma mobilidade mais saudável. |
8694 | REPERCUSSÕES DO ESTÁGIO EM SAÚDE PÚBLICA NO INTERIOR DO AMAZONAS NA FORMAÇÃO DO ESTUDANTE DE FISIOTERAPIA - PERCEPÇÕES DE DOCENTES SUPERVISORES Alessandra Araújo da Silva, Juliberta Alves de Macêdo, Juliberta Alves de Macêdo REPERCUSSÕES DO ESTÁGIO EM SAÚDE PÚBLICA NO INTERIOR DO AMAZONAS NA FORMAÇÃO DO ESTUDANTE DE FISIOTERAPIA - PERCEPÇÕES DE DOCENTES SUPERVISORESAutores: Alessandra Araújo da Silva, Juliberta Alves de Macêdo, Juliberta Alves de Macêdo
Apresentação: A Atenção Primária à Saúde (APS) caracteriza-se por um conjunto de ações no âmbito individual e coletivo para a promoção e a manutenção da saúde com foco na atenção integral, contando com o apoio de uma equipe multidisciplinar, incluindo o fisioterapeuta. O estágio supervisionado em Saúde Pública do curso de Fisioterapia da Universidade Federal do Amazonas (UFAM) do município de Coari (AM) proporciona aos acadêmicos a vivência no contexto das ações da atenção primária do Sistema Único de Saúde (SUS) através das Unidades Básicas de Saúde (UBS) do município. Os atendimentos são feitos em visitas domiciliares durante todo o período letivo, os estagiários ainda atuam nas escolas públicas do bairro com educação em saúde. O bairro que recebe este estágio, apesar de se conectar ao restante da cidade por uma ponte de concreto, apresenta condições socioeconômicas, de infraestrutura e de saúde dos moradores deficitárias, assemelhando-se a uma estrutura rural. Objetivo: Relatar a experiência de supervisores do estágio em saúde pública elucidando como ele impactou e repercutiu na formação de futuros fisioterapeutas. Desenvolvimento: O estágio foi realizado durante o período letivo de 2019.1. A princípio, em uma reunião, os ACS discorreram sobre os pacientes que precisavam de atendimentos fisioterapêuticos e em seguida apresentaram o bairro. Após a obtenção das informações sobre os pacientes, seus respectivos casos, as condições do lar e ambiente social onde estavam inseridos, os estagiários ficaram cientes dos seus pacientes. Os atendimentos foram realizados duas vezes por semana com duração de uma hora. Os casos predominantes foram de pacientes com Acidente Vascular Encefálico e Hipertensão Arterial Sistêmica, também foram acompanhados pacientes com Paralisia Cerebral (PC), Hérnia de Disco, Osteoartrose, Tendinopatias, Asma e outros sem diagnóstico médico, mas que apresentavam comprometimento funcional. Na avaliação, o estagiário precisou se atentar não apenas para a queixa do paciente, mas também para dados sobre a renda familiar, condição de moradia, trabalho, escolaridade, saneamento básico, relação familiar, convívio social, entre outros. Essas informações foram se reafirmando durante o acompanhamento de cada caso, aflorando reflexões nos estagiários do quanto os fatores sociais interferiam na condição de saúde daqueles indivíduos daquele bairro. Resultado: Percebeu-se que no final de cada dia, os estagiários chegavam reflexivos sobre as condições de vida de vários pacientes, relatando a impossibilidade de alguns seguirem certas exigências dos tratamentos, porque pareciam não ter condições mínimas de subsistência. Os acadêmicos passaram a reconhecer o paciente em sua globalidade, compreendendo além dos aspectos biológicos envolvidos, mas também sobre os determinantes sociais da saúde, gerando conteúdo nas rodas de conversas sobre as iniquidades sociais, o processo de saúde-doença e cuidado, e o papel da equipe da saúde com interdisciplinaridade. Considerações finais: A vivência do estágio em Saúde Pública contribui significativamente para a formação do aluno, visto que o estagiário tem experiências expressivas na APS. O docente intermedia aos acadêmicos aspectos importantes do processo de saúde-doença-cuidado, articulando a fisioterapia e o trabalho da equipe interdisciplinar. |
8698 | A COMUNICAÇÃO TERAPÊUTICA NO PROCESSO DE VIVÊNCIA E APRENDIZAGEM DO ACADÊMICO DE ENFERMAGEM Gabryella Vencionek, Elaine Antunes Cortez, Beatriz Bessa, Jéssica Rezende, Elida Abrantes, Vanessa Galvão, Suellen Assad, Silvia Santos A COMUNICAÇÃO TERAPÊUTICA NO PROCESSO DE VIVÊNCIA E APRENDIZAGEM DO ACADÊMICO DE ENFERMAGEMAutores: Gabryella Vencionek, Elaine Antunes Cortez, Beatriz Bessa, Jéssica Rezende, Elida Abrantes, Vanessa Galvão, Suellen Assad, Silvia Santos
Apresentação: Este relato de experiência tem como objetivo descrever uma atividade de ensino realizada no dia 09/09/19 pelas mestrandas do Programa do Mestrado Profissional em Ensino na Saúde com Formação Docente Interdisciplinar para o SUS para a Disciplina de Saúde Mental, na turma de 6º período da graduação de enfermagem, na Escola de Enfermagem Aurora de Afonso Costa – UFF/Niterói. A atividade foi supervisionada pela Professora Orientadora e responsável pela disciplina. A aula aplicada teve como temática - A Comunicação Terapêutica e foi utilizado os conceitos do autor Paulo Freire da obra “Pedagogia da Autonomia”, um dos temas discutidos nas aulas da disciplina: Concepções Teórico-filosóficas e Práticas de Ensino. Desenvolvimento: A aula teve início com a dinâmica do olhar, onde os alunos deveriam escolher entre eles, um par por quem tivesse menos afinidade e passar um minuto olhando nos olhos do outro sem verbalizar e mais um minuto permitindo o diálogo. Após o tempo determinado foi solicitado que verbalizassem o que sentiram durante a atividade proposta. No segundo momento foi realizada a dinâmica da galinha, onde os acadêmicos na fase 1 recebem instruções para realizar um desenho sem direito a perguntas ou comentários. Já na fase 2, eles recebem as mesmas instruções, porém, com direito a perguntas ao aplicador, de qualquer tipo e quantas vezes se fizerem necessário. Terminada as fases, eles comparam os seus desenhos confeccionados. No terceiro momento da aula foi proposto aos alunos que fizessem uma mandala, confeccionada com recortes de revistas contendo recortes de imagens que significassem para eles pontos positivos ou negativos da Comunicação Terapêutica. Nessa atividade, cada aluno deveria explicar o motivo da escolha da imagem. Para um dos processos avaliativos da disciplina, que foi apresentada no dia 16/12/19, foi solicitada uma caixa de afecção e que a cada aula realizada, o aluno deveria depositar uma expressão da vivência daquela aula, através de desenhos, pinturas, objetos, fotos, palavras etc. Resultado: Esta metodologia de ensino permitiu o aprendizado quanto à comunicação interpessoal, os processos de comunicação, habilidades de escuta e acolhimento. Durante a aula percebeu-se a participação da maioria da turma quanto à proposta da metodologia de ensino, porém alguns alunos demonstraram dificuldades de aceitação para o método ativo de aprendizagem, visto que esses mesmos alunos ainda estão presos ao ensino tradicional pautado na transferência do conhecimento. Considerações finais: Na prática realizada utilizando os conceitos do Autor Paulo Freire, da Obra “Pedagogia da Autonomia”, foi elaborada uma aula que desenvolvesse a autonomia de educadores e educandos envolvendo ensino com criticidade, pesquisa, reconhecimento cultural, metodologia ativa, respeito, ética e novidade. A reflexão crítica sobre a prática incentivou o movimento dos pensamentos com possibilidades para produção e construção do conhecimento. |
8720 | CONHECENDO O TERRITÓRIO NA SAÚDE COLETIVA POR MEIO DE MAPEAMENTO DEMOGRÁFICO EM UM MUNICÍPIO DO INTERIOR DO AMAZONAS: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA Yasmim de Souza Gomes, Vanessa de Oliveira Gomes, Paula Andreza Viana Lima, Firmina Hermelinda Saldanha Albuquerque, Abel Santiago Muri Gama CONHECENDO O TERRITÓRIO NA SAÚDE COLETIVA POR MEIO DE MAPEAMENTO DEMOGRÁFICO EM UM MUNICÍPIO DO INTERIOR DO AMAZONAS: UM RELATO DE EXPERIÊNCIAAutores: Yasmim de Souza Gomes, Vanessa de Oliveira Gomes, Paula Andreza Viana Lima, Firmina Hermelinda Saldanha Albuquerque, Abel Santiago Muri Gama
Apresentação: O mapeamento é um elemento de sistematização e entendimento de dados de caráter espacial na qual permite o reconhecimento de um determinado território, essa ferramenta é um passo eficaz para a diferenciação da população e de seus problemas de saúde, bem como para avaliação do impacto dos serviços de saúde sobre esta população. A partir desse processo, é possível conhecer o perfil populacional das pessoas adscritas em uma área, o que beneficia a equipe multidisciplinar durante as consultas nas suas respectivas Unidades Básicas de Saúde do município. Nesta perspectiva, durante uma visita domiciliar cada profissional pode associar os dados observados em concordância com os relatos dos pacientes, fornecendo informações das casas e indivíduos que estão sendo acompanhados pelos serviços de saúde, desse modo, pode-se ter um controle de cada família o que facilita a elaboração de um plano de cuidado de acordo com as singularidade e especificidades dos problemas apresentados em cada micro área mapeada. Este estudo tem como objetivo relatar a experiência vivenciada dos acadêmicos de enfermagem durante um mapeamento demográfico em um quarteirão de um bairro no município de Coari. Desenvolvimento: /Aspectos éticos: O estudo não foi submetido à apreciação em Comitê de Ética em Pesquisa, por se tratar de um relato, porém foram assegurados e respeitados os preceitos éticos na apresentação dos dados. Delineamento do estudo: Trata-se de um estudo descritivo, sendo resultado de um relato de experiência desenvolvido na disciplina de Enfermagem em Saúde Coletiva II, ofertado durante o 7º período letivo do curso de Bacharelado em Enfermagem do Instituto de Saúde e Biotecnologia (ISB) da Universidade Federal do Amazonas (UFAM). Sujeitos das vivências: Discentes de enfermagem do Instituto de Saúde e Biotecnologia (ISB/UFAM) de Coari-AM. Local e período das vivências: A referida atividade ocorreu no dia 28 de outubro de 2019, participando dessa atividade sete acadêmicos regularmente matriculados na disciplina, na qual escolheu-se um quarteirão de uma micro área pertencente a Unidade Básica de Saúde Luiz Carlos Herval, localizado no bairro da União na rua C, do município de Coari-Amazonas. O município de Coari, possui uma população de 75.965 habitantes conforme o último censo do IBGE, localiza-se na região central do Estado do Amazonas, entre o Lago do Mamiá e o Lago de Coari, no Médio Solimões, interior distante a 363 km de Manaus, capital do Estado do Amazonas, região norte do Brasil. Contexto da vivência: A vivência teve início durantes as aulas da disciplina Enfermagem em Saúde Coletiva I sob orientação de dois professores que disponibilizaram todo o embasamento teórico, a partir dessa etapa foi realizado em uma visita de campo na referida área, no turno da tarde para o reconhecimento e identificação do território local, logo, os integrantes se reuniram novamente para a construção do mapeamento demográfico a partir dos dados coletados. Coleta dos dados: O relato foi baseado conforme as observações diretas dos discentes de enfermagem feitas e anotações em um diário de campo das quais foram realizadas fotografias de diversos locais de risco de saúde. Análise dos dados: Optou-se por realizar o desenho gráfico do mapa através do programa do Word versão 2013, na qual foi dado mostrado tudo o que foi visto/anotado e principalmente os riscos em saúde que possuía aquele quarteirão, na elaboração do mapa foi utilizado uma legenda com vários símbolos ilustrativos para uma melhor representação do que tinha sido encontrado. Resultado: De acordo com a contabilização, a quantidade de moradores da região, foi aproximadamente 860 pessoas. Foram mapeadas seis ruas, equivalente a um quarteirão completo, na qual foi identificado e representado por símbolos no mapa: 20 casas de alvenaria, 47 casas de madeira, 6 casas mista, 2 casas abandonada, 1 casa em construção, 12 terrenos baldios, 3 mercadinhos, 2 igrejas, 1 barbearia, 1 apartamento, 2 fundos de terrenos, 1 fossa, 13 locais com lixo exposto, 1 unidade básica de saúde, 1 igarapé e 6 ruas. Através desta pesquisa foi possível identificar algumas vulnerabilidades sociais no referente bairro da União, o perfil populacional desses indivíduos era constituído dependendo da localização das residências, no qual havia pessoas de classe social alta e média, com casas bem amplas e estruturadas, com asfaltamento e grande trânsito de pessoas. No entanto, predominava na área escolhida para a realização do mapeamento as pessoas de classe social baixa, residindo em domicílios de madeira com cômodos pequenos, algumas possuíam uma estrutura arriscada, ficou evidente o grande número de famílias que habitavam o mesmo local. A organização urbana do local era desorganizada, ruas sem asfaltamento, sistema de abastecimento de água inadequado, esgoto a céu aberto, ou seja, um saneamento básico precário. Ficou explícito durante a visita a presença de vários terrenos baldios, casas abandonadas que servem para descartes inadequado de lixos, tendo em vista, que está micro área possui muitas casas na beira do igarapé, na qual quando enche, acaba entrando nos domicílios água contaminada com os dejetos e lixos da região habitada. A partir de toda a análise dos dados mapeados e observados, constatou-se que há um grande problema de saúde pública, e conhecer esses locais que apresentam risco à saúde da população é de suma importância, tendo em vista que é a partir daí que surge inúmeros casos de problemas de saúde recorrentes na unidade básica de saúde, gerando grandes gastos a população e aos gestores locais, e esses problemas podem ser evitados ou controlados a partir de planos de intervenções que tenha a atenção voltada para aquela área, buscando fazer um planejamento para ter visão do que é mais agravante, e assim tentar solucionar de forma planejada e eficaz cada problema. Entretanto, não foi encontrado apenas problemas de saúde, nos deparamos com um problema social durante a visita, na qual houve um receio enorme por parte dos acadêmicos devido ao alto índice de assaltos e tráfico de drogas existente, evidenciando um problema de segurança pública, onde devia haver uma intervenção dos gestores municipais, pois não adianta focar apenas em agravos de saúde, se a população pode adoecer devido ao medo, susto, insegurança, dentre outras coisas que este problema pode causar. Considerações finais: Realizar o reconhecimento da área foi de suma importância, contribuindo assim para avaliarmos a situação de risco daquela população e fazermos o diagnóstico local. Inúmeros agravos foram encontrados, mas o que chamou atenção durante a visita ao local, foi que verificamos a deposição de vários tipos de resíduos, da própria população. Este trabalho foi importante, pois possibilitou visão crítica do papel do enfermeiro no atendimento na atenção básica, pois quando o profissional de saúde tem consciência sobre seu território adscrito, é mais fácil entender os problemas de saúde existentes e assim elaborar intervenções para prevenir a população contra os fatores de riscos. |
8804 | DIÁRIO CARTOGRÁFICO: INOVAÇÃO NO PROCESSO ENSINO APRENDIZAGEM EM CURSOS DE CIÊNCIAS DE SAÚDE. Pedro Henrique Aquino de Freitas, Emanuelly Maria Lima Barbosa, Rômulo Geisel Santos Medeiros, Laura Lane Menezes Polsin, Alexandra Pereira Lucena DIÁRIO CARTOGRÁFICO: INOVAÇÃO NO PROCESSO ENSINO APRENDIZAGEM EM CURSOS DE CIÊNCIAS DE SAÚDE.Autores: Pedro Henrique Aquino de Freitas, Emanuelly Maria Lima Barbosa, Rômulo Geisel Santos Medeiros, Laura Lane Menezes Polsin, Alexandra Pereira Lucena
Apresentação: A formação do profissional de saúde demanda habilidades e conhecimentos básicos para a atuação na atenção primária à saúde. Diante dessa realidade, é notável a importância da disciplina Saúde Coletiva, tendo em vista que essa apresenta o Sistema Único de Saúde (SUS) em toda sua complexidade para os discentes logo no estágio inicial de sua formação. A situação da saúde no Brasil atualmente revela-se defasada em relação ao princípio da integralidade preconizado pelo SUS, uma vez que o nível primário de atenção não é visto por grande parcela da população como eficiente ou resolutivo, reduzindo a procura por esse serviço e superlotando os outros níveis de assistência. Vista disso, com o intuito de promover uma educação permanente para os futuros profissionais, envolvê-los na rotina de uma Unidade Básica de Saúde (UBS) e torná-los protagonistas em seu aprendizado, foram realizadas aulas práticas na UBS S16 - Morro da Liberdade, localizada no município de Manaus-Am, as quais deveriam ser documentadas. O presente trabalho tem por objetivo relatar a experiência dos acadêmicos do curso de medicina da Universidade Federal do Amazonas (UFAM) na vivência da UBS por meio da elaboração de um Diário Cartográfico. Desenvolvimento: A disciplina de Saúde Coletiva é um dos basilares de quaisquer cursos de ciências da saúde, todavia, essa ainda é negligenciada na atualidade, sendo abordada em muitos cursos de forma superficial, não contemplando a profundidade e relevância que tal matéria tem na formação do profissional em saúde. Nesse contexto, a metodologia da produção de um diário cartográfico, permitiu a construção do saber, a partir das experiências do acadêmico, inserido na vivência prática para entender as necessidades de uma determinada população e propor melhorias e mudanças. Consoante a essa ideia, na matéria de Saúde Coletiva 3, os discentes participaram das atividades e setores da UBS Morro da Liberdade e, ao fim do período, tiveram que entregar um Diário Cartográfico individual, que deveria contemplar não apenas as estratégias realizadas, mas todo o levantamento demográfico da população inserida. Ao longo das aulas práticas, que ocorreram nos meses de novembro e dezembro de 2019, os alunos se revezaram nos setores de imunização, educação em saúde, visita domiciliar com os agentes comunitários em saúde, farmácia popular, além de acompanharem as consultas de enfermagem e medicina, puderam ainda entender mais como funciona o SISREG, sistema de regulação e encaminhamento das UBS da região. Aulas teóricas foram ministradas com as temáticas relacionadas às Unidades Básicas de Saúde, a fim de proporcionar maior entendimento para a realização dos diários, além de entrarmos em contato com exemplos realizados por acadêmicos de outros períodos, combinando o teórico ao prático, e dessa forma, desenvolvendo uma um processo de aprendizado por memória efetiva, onde o acadêmico integrava o cenário da observação, utilizou-se do conhecimento adquirido para intervir em melhorias para o atendimento na unidade básica de saúde assistida. Essa estratégia permitiu que os acadêmicos simulassem, em partes, as funções de um médico da comunidade, pois deviam fazer o levantamento da população da região inserida, as necessidades das mesmas, os casos mais comuns e mais específicos do todo e do individual. Ao fim, os critérios de avaliação utilizados foram assiduidade, pontualidade, ética profissional, disciplina e iniciativa, postura, conhecimento teórico e prático, clareza ao se expressar, participação nas atividades de educação em saúde, interação com os usuários, colegas de prático e equipe da unidade básica de saúde. No diário cartográfico deveria constar todas as atividades realizadas, bem como a avaliação individual e possíveis propostas de intervenção na sociedade. Resultado: O instrumento de estudo utilizado, o diário cartográfico, tem como uns dos objetivos aproximar o observador do espaço no qual está inserido. Ao utilizar esse instrumento no contexto da observação das atividades dentro da atenção primária à saúde, especificamente no espaço físico da unidade básica de saúde e seu respectivo território de atuação, observou-se a personalização da relação entre aluno e território, fomentando o pensamento reflexivo e crítico. A atividade desafiou o discente a ir além da descrição dos momentos e práticas realizadas, trazendo para sua percepção de realidade. Como resultado, os registros foram construídos a partir das experiências na UBS e de conhecimentos formado através dos assuntos ministrados em sala de aula, ou seja, a elaboração do diário incitou a reflexão do acadêmico acerca da saúde coletiva além de um campo teórico de forma a possibilitar um aprendizado amplo. Por não haver barreiras criativas na elaboração do diário, observou-se um grande engajamento na atividade, não somente em descrever sua experiência, mas também na forma de transmiti-la para os demais, assim, os acadêmicos utilizaram de diversos recursos para elaborar seus diários desde cadernos tradicionais a calendários, livros ilustrados, cartas e outros. Nesse contexto, outro objetivo alcançado foi o de fomentar o interesse não somente pela disciplina, mas também por novos recursos didáticos que fujam da metodologia tradicional de ensino. Para além disso, o diário trouxe liberdade para o aluno se expressar, ao não se ater a formatos e sim ao conteúdo da experiência vivida, proporcionando um reflexo autêntico dos momentos vividos nas atividades. Por esse mesmo motivo, a liberdade de expressão possibilitou uma comunicação livre de interferências entre discente e docente, facilitando o feedback da experiência. Assim, o docente pode compreender o que cada aluno, como futuro profissional médico e indivíduo próprio, aprendeu e guardou sobre a experiência vivida, implementando, assim, uma nova forma de aprendizagem com mais protagonismo para o estudante enquanto fomenta a humanização e flexibilização do ensino de saúde coletiva por fazer uso de uma metodologia ativa com adesão positiva dos discentes. Para a totalidade, a dinâmica de criar um diário cartográfico foi proveitosa e auxiliou o aprendizado, favoreceu a comunicação e a discussão para criar meios de ação na saúde básica. Considerações finais: A utilização do método diário cartográfico demonstrou ser uma ferramenta importante no processo de ensino aprendizagem para os acadêmicos inseridos nessa metodologia ativa de ensino. Sua utilização proporcionou aos discentes a imersão na vivência diária de uma unidade básica de saúde, o que, por conseguinte, possibilitou aos acadêmicos formular um diagnóstico dessa unidade e, a partir disso, houve a formulação de estratégias para que o atendimento à população possa ser aperfeiçoado. Isto posto, a utilização do diário cartográfico demonstrou ser um método imprescindível para diversas disciplinas de cursos de ciências da saúde, objetivando que o acadêmico passe a ser um agente de mudança na realidade na qual esteja inserido. |
8824 | PRÁTICA DE CAMPO E UBS FLUVIAL: CONSTRUINDO UM NOVO OLHAR PARA FORMAÇÃO DE ENFERMEIROS NO CORAÇÃO DA AMAZÔNIA. Melissa Bruna Vieira Dos Santos, Jaynne De Souza Dantas, Alexandre Paes De Oliveira, Denise Souza Da Silva, Carlos Eduardo Bezerra Monteiro, Patrícia Dos Santos Guimarães PRÁTICA DE CAMPO E UBS FLUVIAL: CONSTRUINDO UM NOVO OLHAR PARA FORMAÇÃO DE ENFERMEIROS NO CORAÇÃO DA AMAZÔNIA.Autores: Melissa Bruna Vieira Dos Santos, Jaynne De Souza Dantas, Alexandre Paes De Oliveira, Denise Souza Da Silva, Carlos Eduardo Bezerra Monteiro, Patrícia Dos Santos Guimarães
Apresentação: Trabalho do tipo relato de experiência, que visa descrever experiências de um Estágio Rural realizado em Comunidades ribeirinhas, durante a disciplina Saúde das Populações Amazônicas, ofertada no primeiro semestre de 2019 para turma do 8° Período do curso de Enfermagem, no Instituto de Saúde e Biotecnologia da Universidade Federal do Amazonas (ISB-UFAM) no município de Coari-Am. Objetivo: Relatar, a partir do ponto de vista do graduando, o impacto positivo gerado pela experiência de acompanhar uma Ubs Fluvial em atendimento pelas comunidades Ribeirinhas no interior de Coari-Am. Desenvolvimento: Durante dois dias, 32 alunos e um preceptor do curso de Enfermagem da UFAM puderam acompanhar e contribuir com as ações de uma Unidade Básica de Saúde Fluvial, que atende de acordo com um cronograma interno, durante 15 dias ininterruptos, algumas das 208 comunidades Ribeirinhas que se distribuem ao longo de rios e lagos da região. O transporte fluvial dos acadêmicos se deu através de uma embarcação cedida por meio de uma parceria da Insituicao de ensino com a Secretaria de Saúde do município. Durante dois dias a Ubs fluvial atendeu em duas comunidades mais de 150 pessoas no consultório médico e de enfermagem, várias coletas de exames preventivos, vacinação e outros atendimentos como exames laboratoriais, aplicação de medicações e curativos. Nos atendimentos, os problemas mais comuns eram: Parasitose, escabiose, diabéticos e hipertensos descompensados, curativos em mordeduras de animais, viroses e doenças diarreicas. A estação era de cheia ou enchente, então, as visitas domiciliares foram realizadas em canoas, durante as quais também foram inseridas ações de educação em saúde para as famílias. Resultado: O acadêmico e futuro profissional de saúde se depara constantemente com situações que necessitam de um aprendizado mais realista, que foge à sala de aula e o liga diretamente com o meio no qual está inserido. A experiência de ir ao encontro do cliente ribeirinho e sua família através de uma Ubs Fluvial é inovadora e evidencia de forma surpreendente a necessidade de mais práticas como essa, que inserem o estagiário em uma situação peculiar e real, com pessoas reais que só desfrutam de atendimento de saúde poucas vezes em vários meses e possuem fatores de risco elevados para muitas doenças. Tais comunidades têm demandas extensas e poucos recursos para o tratamento de enfermidades, dependendo totalmente dos recursos físicos e humanos ofertados pela Ubs, podendo levar horas e até dias para ter acesso à atendimento médico-hospitalar. Conhecer e saber atuar em tal realidade requer conhecimento e adaptações de tais conhecimentos para que a assistência seja funcional e assertiva à longo prazo. Considerações finais: O Impacto desse recurso na aprendizagem gerou muitas discussões e questionamentos por parte dos universitários à cerca das atividades práticas, pois demonstrou de fato, a necessidade de expandir e criar novas ferramentas e oportunidades para práticas de campo em parceria com recursos já fornecidos pelo Sistema unico de Saúde (SUS), tornando a graduação um canteiro com mais experiências práticas reais e enriquecedoras. |
8905 | PROJETO MEDENSINA: EXTENSÃO UNIVERSITÁRIA E SUA RELEVÂNCIA SOCIAL E ACADÊMICA Lígia Rebecca Mota Amorim, Sandro Adriano De Souza Lima Junior, Marcos Vinicius Alves de Souza, Marcus Vinícius Souza e Silva PROJETO MEDENSINA: EXTENSÃO UNIVERSITÁRIA E SUA RELEVÂNCIA SOCIAL E ACADÊMICAAutores: Lígia Rebecca Mota Amorim, Sandro Adriano De Souza Lima Junior, Marcos Vinicius Alves de Souza, Marcus Vinícius Souza e Silva
Apresentação: Saúde é caracterizada, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), como “um estado completo de completo bem-estar físico, mental e social e não somente ausência de afecções e enfermidades”. Diante dessa definição, surge o projeto de extensão MEDensina, buscando compartilhar o conhecimento para além da comunidade acadêmica com informações de saúde, sobre autocuidado, autonomia, a partir de atividades de promoção de saúde e por meio de atividades educativas que abrangem os mais diferentes temas com enfoque principal no processo de prevenção e em elucidação de alguns mitos e paradigmas que ainda são muito enraizados, principalmente nas comunidades de menor poder aquisitivo. Criado em 2001, o projeto possui 18 anos de atividade árdua que resultou em parcerias fixas com instituições de ensino e secretarias municipais, por exemplo, com a Secretária Municipal de Saúde (SEMSA), a qual permite que os discentes do projeto participem de campanhas de prevenção propostas por essa; além do surgimento de um engajamento no campo da pesquisa por parte de alguns integrantes, com estudos epidemiológicos em relação ao conhecimento da população sobre alguns temas que são de interesse do MEDensina. Frente aos fatos elencados, essa extensão tem como algum de seus objetivos: despertar a consciência da população em relação a cidade e saúde; ampliar a formação profissional de saúde; investigar os mitos populares a respeito de temas importantes relacionados a saúde. Objetivo: O seguinte estudo salienta a importância da extensão universitária na complementação da formação de discentes da área da saúde a partir de experiências obtidas com o desenvolvimento de um projeto de extensão da Universidade Federal do Amazonas (UFAM). Desenvolvimento: O projeto MEDensina desenvolve atividades sem fins lucrativos, desde a sua criação, em locais públicos e em instituições privadas, tais como: escolas, igrejas, empresas e eventos. Através da realização de palestras educativas de temas voltados para a atenção primária de saúde, o projeto busca atingir o maior contingente populacional local e objetiva instruir a população e incentivá-la a aderir às medidas de prevenção de diferentes doenças, buscando a mudança de comportamento e induzindo o despertar de uma consciência crítica. As Ações realizadas baseiam-se em palestras educativas, aplicação de dinâmicas e rodas de conversas, as quais são feitas a pedido comunitário ou oferecidas pelo próprio projeto, geralmente a demanda aumenta em períodos específicos do ano, como nos meses dedicados à prevenção de doenças (março lilás, outubro rosa, novembro azul, setembro amarelo), momentos em que há a possibilidade de ampliar o alcance do projeto em virtude da maior presença de pessoas nas ações. Para realizá-las, o projeto conta com uma equipe de execução formada por cerca de 25 acadêmicos voluntários dos cursos de enfermagem, medicina e odontologia, os membros são selecionados anualmente mediante processo de seleção, após aprovados eles participam de uma capacitação interna, a qual inclui uma abordagem teórica sobre os temas selecionados nas ações na comunidade e apresentação de temas relevantes academicamente, visando a complementação dos conhecimentos técnicos adquiridos nos cursos de graduação em saúde com habilidades e técnicas de apresentação em público, aplicação de dinâmicas e metodologias ativas. O projeto realiza, ainda, reuniões semanais todas as terças-feiras às 19h na Faculdade de Medicina da UFAM, nas quais são organizadas a execução do projeto e debatido temas de relevância social e acadêmica. Resultado: Baseado em relatos colhidos nas comunidades visitadas, pode-se dizer que o ciclo de palestras realizado pelo Projeto MEDensina no período 2018/2019 apresentou rendimentos satisfatórios. A cada palestra, os resultados revelavam-se de maneira gradativa. Inicialmente, os participantes apresentavam-se tímidos e, por vezes, indiferentes. Ao longo das palestras, no entanto, era notável o aumento paulatino de interesse e motivação. Ao final, a comunidade mostrava-se envolvida, discutindo e buscando esclarecer dúvidas a respeito de assuntos essenciais que, comumente, não são tratados com clareza, sendo muitos deles considerados tabus. Outro efeito positivo foi a troca de experiências decorrente da interação com o público, em que as pessoas conseguiam identificar similaridades em seu meio social e familiar, impulsionando o aprendizado, e relatavam suas vivências pessoais relacionadas ao tema, sentindo-se à vontade para compartilhar suas realidades e contextos psicossociais. Pode-se concluir que o objetivo de contribuir com a prevenção de doenças, foi alcançado, sendo evidenciado pelo nível de satisfação da comunidade nos depoimentos e pela compreensão a respeito do próprio papel na promoção e manutenção da saúde individual e coletiva, principalmente através da adoção de práticas saudáveis. Ao término de cada palestra, era notório o quanto as informações passadas afetavam positivamente a vida das pessoas. Por exemplo, muitas mulheres saíam da palestra de “Saúde da mulher” dispostas para marcar o preventivo ou para realizar o autoexame de mama, em casa. De maneira análoga, os homens se interessavam a realizar o exame de toque retal. No entanto, a temática que mais apresentou “feedbacks” positivos foi “Métodos contraceptivos”. Antes da palestra, a maioria dos adolescentes e pré-adolescentes apresentavam dúvidas e conceitos errôneos com relação ao uso de preservativos, aos efeitos das pílulas do dia seguinte e anticoncepcionais, ao funcionamento de métodos arriscados, tais como tabelinha e coito interrompido, e também em relação a aborto. Ao término da abordagem do conteúdo, com elucidação de dúvidas, a quantidade de dúvidas reduzia significativamente. Para os discentes participantes do projeto, a experiência foi fundamental, gerando resultados significativos para a formação profissional dos voluntários. O contato com a comunidade logo no início do curso (na época, estudantes do primeiro período de medicina) foi essencial. A inserção dos acadêmicos em diferentes cenários e públicos, possibilitou conhecer o funcionamento e a realidade psicossociocultural e econômica de populações variadas, proporcionando uma percepção mais concreta da futura atuação profissional como médicos da rede. Além disso, houve melhorias na capacidade de argumentação e desenvolvimento da capacidade de condensar e transmitir conteúdos técnico-científicos de forma eficaz, utilizando uma linguagem simples e acessível. Dessa forma, evidencia-se que o impacto que o projeto causou na vida dos seus voluntários e da comunidade foi imensurável. Considerações finais: O projeto oportuniza treinamento e prática para discentes da área da saúde a fim capacitá-los a realizar as ações em saúde durante a formação profissional, além de proporcionar o desenvolvimento de senso crítico, observação e criatividade. Por meio desta experiência, os acadêmicos de medicina tiveram a oportunidade de vivenciar um trabalho de extensão universitária, com enfoque na prevenção de doenças, contribuindo na melhoria da qualidade de vida da comunidade e na formação profissional dos voluntários. Vale ressaltar que, ao final do ciclo, a percepção de que ações educativas simples são suficientes para impactar e transformar o processo de saúde-doença na população foi coletiva. |
8934 | EXPERIÊNCIA DE ENSINO INTEGRADO AO SERVIÇO DE SAÚDE DA FAMILÍA NA FORMAÇÃO DO MÉDICO GENERALISTA Ítalo Diógenes Gomes da Silva, Yasmin Mendes Pinheiro, Alynne Santana Leônida Torres, Arlindo Gonzaga Branco Junior EXPERIÊNCIA DE ENSINO INTEGRADO AO SERVIÇO DE SAÚDE DA FAMILÍA NA FORMAÇÃO DO MÉDICO GENERALISTAAutores: Ítalo Diógenes Gomes da Silva, Yasmin Mendes Pinheiro, Alynne Santana Leônida Torres, Arlindo Gonzaga Branco Junior
Apresentação: A atenção básica caracteriza-se pelo conjunto de ações voltadas para promoção da saúde e prevenção de agravos, cujas diretrizes são definidas pela Política Nacional de Atenção Básica. O Ministério da Educação estabelece que os cursos de graduação de saúde mantenham em suas grades curriculares disciplina voltada à inserção do acadêmico neste âmbito. Neste contexto das mudanças curriculares, uma estratégia importante foi a articulação da formação profissional com as políticas de saúde e com o sistema de atenção à saúde. Embasado nessa premissa este trabalho tem por objetivo, relatar a experiência da inserção de acadêmicos do primeiro período de Medicina na atenção básica. Desenvolvimento: O presente relato ocorreu na cidade de Porto velho, no Centro Universitário São Lucas no semestre letivo de 2019.2. A disciplina de Saúde Coletiva é ministrada no primeiro período, tendo uma carga horária semestral de 55h, sendo que 15h são destinadas a atividade prática. Estas desenvolveram-se a partir de visitas dos acadêmicos à uma Unidade de Saúde da família local. Durante as visitas os grupos conheceram a estrutura e funcionamento dos serviços, assim como traçaram o perfil e os determinantes sociais da população atendida através de conversas e anotações com os usuários que aguardavam atendimento. Após a coleta de dados, os acadêmicos debateram e elaboraram uma intervenção baseada no perfil dos usuários, com a finalidade de promover uma ação voltada as suas peculiaridades. Resultado: Empiricamente, observa-se haver um distanciamento entre os profissionais da saúde e a comunidade de um modo geral, sobretudo quando se fala em cuidados preventivos, na medida em que a promoção da saúde se faz majoritariamente por meio curativo. As políticas públicas de atenção básica e a inserção do acadêmico neste contexto por meio da disciplina visa quebrar esse paradigma, reduzindo o distanciamento e humanizando a relação entre assistentes e assistidos. Muitos discentes relataram ter tido o seu primeiro contato com o Sistema público de saúde durante a disciplina. Desse modo, a atividade permitiu o contato dos acadêmicos com a população assistida e, por consequência, a redução de barreiras que impeçam a comunicação efetiva. Ainda que de modo subjacente, os alunos conheceram o funcionamento da unidade, do SUS e a realidade da comunidade em que estão inseridos, associando a prática com os conhecimentos obtidos em sala de aula. Além disso, a comunidade também é beneficiada diante da possibilidade da adoção de ações voltadas as suas especificidades e pela obtenção de informações necessárias à ampliação de sua qualidade de vida, o que inclusive é preconizado como diretriz pela PNAB. Considerações finais: Pode-se observar que a inserção precoce dos alunos ingressantes do curso de medicina nos ambientes de prática do SUS, aparenta contribuir de forma positiva para a formação dos alunos. Assim, o contato do aluno de graduação junto à realidade dos serviços de saúde, saindo dos espaços da universidade, apresenta-se como uma importante atividade oferecida pelo curso de medicina na preparação do médico geral, uma vez que: oportuniza a aquisição de competências e habilidades para atuação no SUS. |
9093 | A INCLUSÃO DA FILANTROPIA EM UM PROJETO DE EXTENSÃO UNIVERSITÁRIA COMO FERRAMENTA DE CONSCIENTIZAÇÃO DE RESPONSABILIDADE SOCIAL: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA CRISTINA Ribeiro Macedo, CLAUDIA SOUZA DOURADO, AMÉLIA TOLEDO DA SILVA, MARIANA RIBEIRO MACEDO, RAQUEL VICENTINI OLIVIERA, MARIANA GUERRA PAGIO, POLIANA WARMOCK SOARES, LAYLLA RIBEIRO MACEDO A INCLUSÃO DA FILANTROPIA EM UM PROJETO DE EXTENSÃO UNIVERSITÁRIA COMO FERRAMENTA DE CONSCIENTIZAÇÃO DE RESPONSABILIDADE SOCIAL: UM RELATO DE EXPERIÊNCIAAutores: CRISTINA Ribeiro Macedo, CLAUDIA SOUZA DOURADO, AMÉLIA TOLEDO DA SILVA, MARIANA RIBEIRO MACEDO, RAQUEL VICENTINI OLIVIERA, MARIANA GUERRA PAGIO, POLIANA WARMOCK SOARES, LAYLLA RIBEIRO MACEDO
Apresentação: O espaço acadêmico detém uma grande responsabilidade no sentido de apresentar e preparar o aluno para as mudanças dos paradigmas sociais que veem ocorrendo na humanidade, faz-se necessária a formação de profissionais com o olhar ampliado acerca do cuidado das comunidades, seja no âmbito social, biológico ou ambiental. Ações de responsabilidade social integradas a métodos pedagógicos ocorridos no espaço acadêmico, favorecem a construção do conhecimento baseado em experiências individuais ou coletivas. Objetivo: Descrever a percepção e vivência dos acadêmicos de enfermagem na participação de uma atividade filantrópica relacionada a um projeto de extensão em uma maternidade filantrópica. Método: Relato de experiência a partir da percepção dos acadêmicos de enfermagem da EMESCAM com a realização de um bazar na maternidade escola. Resultado: A compreensão por parte dos acadêmicos quanto a ação desenvolvida foi identificada no contexto do projeto da academia como uma ação holística no processo ensino-aprendizagem. Na percepção dos acadêmicos, toda a construção e desenvolvimento do projeto, contribui para empreender reflexões acerca do consumo responsável, unindo esforços no alcance de um objetivo único. O compartilhamento sustentável propiciou a aproximação com os profissionais da maternidade escola, as pessoas que realizavam aquisições no bazar, compartilhavam com os seus pares estimulando o uso do espaço. Considerações finais: O processo ensino-aprendizagem suplanta os muros da academia, a aquisição de competências que irão determinar a formação profissional, poderá ocorrer de forma não convencional em ações não necessariamente de cunho científico, o tom acadêmico ocorre a partir da valorização e discussão que surge a partir do ato. Oportunizar aos discentes a vivência de uma atividade que representa a sustentabilidade, integrando ensino e serviço, proporciona despertamento da consciência acerca da responsabilidade social. |
9158 | DESASTRE, TERRITÓRIO E SAÚDE: A RELAÇÃO ENSINO-SERVIÇO NA PRÁTICA COMPARTILHADA DE CUIDADO RACHEL PIRES HABIB, Bethania do Carmo Caetano da Silva, Elaine de Souza Ramos Vidigal DESASTRE, TERRITÓRIO E SAÚDE: A RELAÇÃO ENSINO-SERVIÇO NA PRÁTICA COMPARTILHADA DE CUIDADOAutores: RACHEL PIRES HABIB, Bethania do Carmo Caetano da Silva, Elaine de Souza Ramos Vidigal
Apresentação: O impacto das chuvas no Estado do Rio em 2011 foi sentido e ainda o é pelas vítimas no que diz respeito à saúde. Necessário se faz refletirmos sobre novas práticas e saberes que contemplem a ação e o cuidado em saúde dessa população bem como construir estratégias inovadoras de ensino-aprendizagem na formação do profissional de saúde. Objetivo: Promover um espaço de formação médica que atenda as especificidades da população. Específicos: Garantir a aproximação ensino-serviço voltado para as vítimas do desastre; potencializar a intervenção precoce em saúde; identificar e traçar uma linha de cuidado para os casos de transtornos mentais comuns e casos clínicos que merecem cuidado na Atenção Básica. Trata-se de um relato de experiência: em janeiro de 2019 iniciou- se o Internato em Saúde Coletiva da Faculdade de Medicina da UNIFESO com acadêmicos do décimo segundo período na Fazenda Ermitage, cenário que abriga as vítimas da tragédia de 2011 da cidade e região de Teresópolis. A inserção de aproximadamente 20 acadêmicos a cada rotatório com suporte de três preceptores com formação em Medicina, Serviço Social e Psicologia se dá junto a equipe da Unidade Móvel da Secretaria Municipal de Saúde que atendem a uma população de aproximadamente oito mil habitantes, que perderam suas casas e/ ou familiares na tragédia. O foco está nas interações para o fortalecimento do vínculo, como forma de garantia da continuidade, aumento e qualidade dos atendimentos; nos espaços de socialização para empoderar a comunidade a se identificar como tal, no olhar ampliado do médico em formação através das discussões com preceptores de diferentes formações; na participação da comunidade no acesso aos poucos serviços disponíveis no local, potencializando-os. O impacto do trabalho e das discussões introduzidas nos espaços de reflexão coletiva já podem ser registrados: Garantia de um espaço inovador para a formação médica; ações de diálogo com a rede de serviços aumentando a circulação dos pacientes na mesma; aumento de atendimentos na Unidade de Saúde; realização de ações coletivas de cunho preventivo de educação em saúde; agenda específica de acolhimento em Saúde Mental; ações intersetoriais visando à integralidade do cuidado; discussão e direcionamento de casos clínicos de forma transdisciplinar; seleção de casos traçadores para acompanhamento a longo prazo; aumento considerável das visitas domiciliares aos acamados do território propiciando o vínculo e acolhimento imediato aos sofrimento. Considerações finais: A contribuição se dá através da construção de um olhar integral sobre os usuários em um território de vulnerabilidade social que aglomera demandas clínicas e de atenção psicossocial decorrentes de sofrimentos pelas experiências de perdas vivenciadas na tragédia. A proposta é garantir a relação ensino-serviço através prática compartilhada de cuidado; apontar aspectos relevantes para prática médica junto aos usuários com sofrimento mental na Atenção Básica e verificar de que forma esses sofrimentos se manifestam clinicamente. A relevância está nos benefícios que este pode trazer para formação médica e para qualidade dos serviços prestados a esta população. |
9169 | GUIA DO ESTÁGIO DA UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL (UCS) – PRÁTICAS ACADÊMICAS NA INTEGRAÇÃO COM OS SERVIÇOS DA SECRETARIA MUNICIPAL DA SAÚDE DE CAXIAS DO SUL Cássio de Oliveira, Suzete Marchetto Claus GUIA DO ESTÁGIO DA UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL (UCS) – PRÁTICAS ACADÊMICAS NA INTEGRAÇÃO COM OS SERVIÇOS DA SECRETARIA MUNICIPAL DA SAÚDE DE CAXIAS DO SULAutores: Cássio de Oliveira, Suzete Marchetto Claus
Apresentação: A Universidade de Caxias do Sul, por meio da Pró-Reitoria Acadêmica e das Áreas de Conhecimento de Ciências da Vida e Humanas, em articulação com a Secretaria Municipal da Saúde por meio do Núcleo de Educação Permanente em Saúde – NEPS, vem aprimorando o espaço para a prática do ensino em toda a rede de serviços de saúde do município. Neste processo identificou-se a necessidade de elaboração deste guia de modo a normatizar, regulamentar e universalizar os procedimentos relacionados à integração Ensino, Serviço e Comunidade, ora denominado Rede Escola SUS. A integração ensino – serviço – comunidade é entendida como trabalho coletivo, pactuado e integrado entre estudantes e docentes de cursos técnicos, de graduação e de pós-graduação na área da saúde e outros cursos afins, com os trabalhadores que compõem as equipes dos serviços de saúde, incluindo-se os gestores e controle social, visando a qualidade de atenção à saúde individual e coletiva, e a qualidade da formação profissional. Nesse sentido, apresentamos esta versão do “Guia da Universidade de Caxias do Sul sobre práticas acadêmicas na integração com os serviços da Secretaria Municipal da Saúde de Caxias do Sul”, que objetiva contemplar as orientações e responsabilidades dos envolvidos nesse processo, como forma de contribuir para a qualificação da formação profissional no campo da saúde. Com base nas diretrizes do Ministério da Saúde e do Ministério da Educação quanto a formação de recursos humanos em saúde, a UCS busca continuamente a construção de um espaço de diálogo com a Secretaria Municipal da Saúde de Caxias do Sul, contribuindo para a melhoria do processo de formação dos futuros profissionais de saúde, melhores respostas às necessidades da população e a operacionalização do SUS. Nesta proposta é contemplada a integralidade e longitudinalidade das ações, assim como a dimensão individual e coletiva, primando pela ênfase da abordagem interdisciplinar e interprofissional com ampla articulação entre as ações preventivas e curativas. O diálogo estabelecido entre o trabalho e a educação tem papel decisivo no delineamento da percepção do estudante sobre o outro no cotidiano do cuidado, no qual profissionais do serviço e docentes, usuários e estudantes estabelecem seus papéis sociais na confluência de seus saberes, modos de ser e de ver o mundo.- Eixos norteadores da Rede Escola-SUS 1. O planejamento integrado, consolidando um modelo de atenção tomando como base o Plano Municipal de Saúde e os indicadores de saúde e uma formação de acordo com as necessidades do SUS. Será implementado pela constituição de um colegiado de formação e educação permanente em saúde, previsto no COAPES – Contrato Organizativo de Ação Pública Ensino-Saúde. 2. A construção de novas práticas pedagógicas em saúde que visem uma aprendizagem significativa e ativa, que tenham estudantes como sujeitos de sua própria formação. 3. A interprofissionalidade e interdisciplinaridade como dispositivos orientadores das práticas de saúde alicerçadas pela integralidade da atenção e pelo trabalho em equipe. 4. A organização dos campos de forma regionalizada, mapeando as instituições de ensino com a divisão técnico – administrativa das Unidades de Saúde (processo de territorialização). O processo de territorialização contempla a distribuição das Unidades Básicas de Saúde como cenários de prática e referência às Instituições de Ensino, não contemplando os serviços especializados, hospitalares e Unidades de Pronto Atendimento das redes de Atenção. Estes serviços não participam do processo de territorialização, estando disponíveis como cenário de prática, de acordo com a demanda da Instituição de Ensino e disponibilidade do serviço no período da solicitação. 5. Monitoramento e avaliação para compreensão crítica-reflexiva dos contextos vividos pelos participantes, dando transparência e a responsabilidade necessária às questões de uma política pública, possibilitando avanços e qualificação do processo de integração ensino e serviço. Resultado: Os efeitos percebidos decorrentes da experiência ou resultados encontrados na pesquisa; Considerando este contexto, a proposta de integração entre a UCS e os serviços da Secretaria da Saúde de Caxias do Sul contempla a relevância social da universidade e dos processos de formação no campo da saúde nos diferentes cenários da vida real e de produção de cuidado e reconhece a rede de serviços como fundamental ao processo de formação profissional em saúde em consonância com as necessidades de saúde da população e com o SUS. Esta aproximação possibilitou a realização de práticas educativas nos serviços de saúde, por meio de estágio curricular nas modalidades curriculares obrigatórias e não obrigatórias, práticas disciplinares, visitas supervisionadas, atividades de extensão e pesquisa, àqueles estudantes que frequentam o ensino regular na UCS (ensino superior e técnico). São práticas contempladas nas diretrizes curriculares dos cursos que exigem novas propostas pedagógicas tendo como desafio a inserção e o acompanhamento dos processos formativos nos serviços de saúde desde o início do curso, numa articulação permanente entre ensino-serviço e comunidade. O processo de inserção do ensino no serviço em saúde é complexo e envolve múltiplos atores, cada um com suas expectativas, saberes e motivações. É necessário, portanto, uma intensa articulação entre as instituições envolvidas com alinhamento de papéis, responsabilidades, recursos e contrapartidas. A pactuação de interesses por estas instituições pressupõe considerar não apenas oferecer a melhor formação possível aos futuros profissionais, mas também disponibilizar o ambiente e os recursos para que as atividades de ensino sejam desenvolvidas em conjunto com as atividades de assistência, garantindo uma formação voltada para a realidade sem sobrecarregar os trabalhadores, valorizando as atividades de educação na saúde. Considerações finais: Aprender é um processo pelo qual competências, habilidades, novos conhecimentos ou valores são adquiridos ou modificados. Aprende-se através de estudo, observação e experiência, sendo fundamental compreender o modo como as pessoas aprendem e as condições necessárias para a aprendizagem, a fim de identificar o papel dos diversos sujeitos nesse processo. Os indivíduos nascem inclinados a aprender e a ensinar, precisando de estímulos externos e internos (motivação/necessidade) para o aprendizado. A educação é transformadora quando privilegia a busca e a aquisição de conhecimentos com autonomia e crítica, tendo como resultado a reflexão sobre a possibilidade de mudança de uma realidade. Transformar a experiência educativa em um rígido treinamento técnico é depreciar o que há de mais humano no exercício educativo: o seu caráter formador. O aprendizado deve ser dinâmico e participativo. Quem ensina, aprende a transformar conhecimento em prática e buscar atualização do saber ensinado. Quem aprende, além de adquirir um novo saber ou uma nova habilidade também pode ensinar ao estimular uma mudança ou aperfeiçoamento na prática de quem ensina. A quem ensina é necessário desenvolver competências afetivas e relacionais como habilidades de comunicação e paciência. A quem aprende é indispensável o interesse pela atividade, a disponibilidade para aprender e a capacidade de superar desafios. A ambos é necessário envolvimento, troca e interação. A inserção do aluno na comunidade e serviços precocemente também representa um avanço no modelo pedagógico, pois permite ao estudante uma vivência do sistema de saúde na própria comunidade desde o início do curso, possibilitando, uma maior compreensão e associação entre a teoria e a prática, e, ainda, a atuação conjunta com pessoas de outras áreas e profissões. |
9190 | UM RELATO DE EXPERIÊNCIA VINCULADO AOS AMBULATÓRIOS DE ACOLHIMENTO EM SAÚDE DO IMIGRANTE DA UNIVERSIDADE FEDERAL DA FRONTEIRA SUL – UFFS Claudia Menoncini, Gracielle Pampolim, Adelmir Fiabani UM RELATO DE EXPERIÊNCIA VINCULADO AOS AMBULATÓRIOS DE ACOLHIMENTO EM SAÚDE DO IMIGRANTE DA UNIVERSIDADE FEDERAL DA FRONTEIRA SUL – UFFSAutores: Claudia Menoncini, Gracielle Pampolim, Adelmir Fiabani
Apresentação: Este relato objetiva divulgar experiências proporcionadas pelo programa de extensão "Ambulatórios de Acolhimento em Saúde do Imigrante” e sua fundamental contribuição para a formação médica e social dos acadêmicos de medicina que o integram. Desenvolvimento: Esse programa em atividade desde 2018, mais conhecido pela população como "Ambulatório do Imigrante", é desenvolvido pela Universidade Federal da Fronteira Sul - UFFS, na cidade de Passo Fundo (RS), em parceria com a Secretaria Municipal de Saúde, Hospital São Vicente de Paula - HSVP e a Sociedade Beneficente Muçulmana de Passo Fundo (haja vista que, a maioria dos imigrantes atendidos são adeptos do Islã). Seu objetivo é atender às principais demandas em saúde, que estão ao alcance da universidade, trazidas pelos os imigrantes senegaleses, haitianos, bengaleses e venezuelanos. E quando necessário, realizar o pronto direcionamento para a entidade hospitalar. A dinâmica das atividades são organizadas da seguinte forma: os imigrantes referem suas demandas em saúde à Sociedade Muçulmana e ou à acadêmica bolsista da UFFS, que os orientam em como e onde realizarem suas consultas via Sistema Único de Saúde. A partir dessa procura, é criada um agenda para os atendimentos, os quais ocorrem no último sábado de cada mês. Os atendimentos são realizados pelos professores médicos, acompanhados pelos acadêmicos selecionados previamente pelo referido programa, de forma voluntária, nas dependências do ambulatório da UFFS - HSVP. Resultado: Esta experiência é impar, visto que os acadêmicos praticam seus conhecimentos teóricos e têm oportunidade de conhecerem e interagirem com outras culturas diferentes das suas. Passam a compreender melhor a situação de vulnerabilidade a qual os imigrantes estão inseridos e a respeitar e adequar seu atendimento aos costumes dos mesmos. Outra experiência a ser registrada, refere-se à barreira da língua, visto que os imigrantes não dominam por completo a língua portuguesa e têm dificuldade para expressarem os sintomas das doenças e entenderem os procedimentos pós consulta. Neste sentido, os acadêmicos precisam atenção redobrada no momento da prescrição e orientações necessárias para o tratamento, sobretudo, como devem ser tomados os medicamentos, quais estão disponíveis de forma gratuita e onde conseguí-los, além de, quando possível, administrá-los no próprio ambulatório. É perceptível o sentimento de solidariedade e empatia com o qual os acadêmicos atendem esta população, o quanto se importam com o seu bem estar e fazem o possível para atendê-los de forma satisfatória apesar das diversas barreiras que se fazem presentes (língua, cultura, costumes, religião e outras). Considerações finais: Através do exposto, é factível a importância desse programa, não apenas para os pacientes que recebem atendimento de forma gratuita, mas também para a universidade que desempenha seu papel social, e principalmente para os acadêmicos que se sentem motivados para os diversos desafios que a medicina exigirá, assim como a necessidade de praticar a empatia e respeito à diversidade, tornando-os profissionais diferenciados que prezam por um atendimento humanizado e igualitário desde o início de sua formação. |
9225 | MUDANÇAS NO ENSINO DA SAÚDE MENTAL NO CURSO DE MEDICINA DA UFRJ/MACAÉ: UMA CARTOGRAFIA julio silveira pinto, Ueslei Solaterrar Carneiro MUDANÇAS NO ENSINO DA SAÚDE MENTAL NO CURSO DE MEDICINA DA UFRJ/MACAÉ: UMA CARTOGRAFIAAutores: julio silveira pinto, Ueslei Solaterrar Carneiro
Apresentação: Este trabalho, que utiliza o Método da Cartografia, pretende colaborar para o ensino da Saúde Mental nos cursos de Medicina, partindo de mudanças praticadas no Curso de Medicina UFRJ/Macaé. Método e Desenvolvimento: O Curso de Medicina UFRJ/Macaé adaptou-se às “Diretrizes Curriculares Nacionais do Curso de Graduação em Medicina”, de 2014, que indica ênfase na Saúde Mental, inclusive Internato. Criamos, como início deste Internato, no regime de preceptoria (janeiro de 2015), um ambulatório de psiquiatria (SUS). A proposta de Cartografia surgiu quando percebemos: 1- a declarada inabilidade dos Internos para entrevistar pacientes do ambulatório de psiquiatria, fato que não ocorria em outras clínicas/especialidades; 2- dificuldades na relação médico-paciente; 3- uso de medicação psiquiátrica por dois terços dos alunos, segundo informações deles mesmo. Estes fatos estariam interligados? Uma Cartografia poderia ajudar a procurar forças de transformação, provocar alterações e praticar mudanças no ensino? No Método da Cartografia há uma recusa em definir objeto fixo. Podem existir objetos iniciais, mas que poderão e deverão mudar ou sofrer acréscimos ao longo da Cartografia. Com este Método assumimos os desafios de entrar no campo acompanhando os processos existentes e por surgir. Coordenamos, a partir de abril de 2016, o Internato em Saúde Mental, a Saúde Mental no curso e tivemos um acento no Colegiado do curso. A partir da inserção cartográfica, as tarefas tiradas neste momento foram: mudar o programa da disciplina Saúde Mental, ampliar o Internato em Saúde Mental, introduzir a Saúde Mental mais precocemente no curso de medicina, expandir a Oficina do Cuidado para os semestres iniciais do curso. O assunto do sofrimento psíquico apresentado pela maioria dos alunos faz aparecer mais claramente as forças de transformação e as de manutenção, que correspondem a uma visão mais global e integradora do campo médico e o biologicismo predominante. Expandimos, em agosto de 2016, para o primeiro e segundo períodos, a prática da Oficina do Cuidado, iniciada por uma psiquiatra preceptora, que fornece espaço de discussão a respeito dos afetos existentes. Posteriormente, atuamos no terceiro e quarto períodos e Internato. Explicita-se um campo extremamente tenso entre professores e alunos e entre os alunos, destacando-se uma tendência à exacerbação dos conflitos pela atração que o conflito em si mesmo desperta. Como estimular o diálogo, tentando que as partes se ouçam, ao menos e a princípio? Tarefas para a Cartografia. Os coordenadores do ciclo básico propuseram uma reunião com os coordenadores da Oficina, para saberem como estão os alunos e o que tem aparecido nos grupos. Os professores se surpreenderam com o estado dos estudantes, que autorizaram a divulgar o que aparecia nos grupos. Surgiu uma proposta, que foi executada, de continuidade destas reuniões com professores: “também precisamos de Oficina do Cuidado para nós, os professores!”. É constantemente alterada, com a participação dos alunos, a planilha das aulas teóricas e práticas para o oitavo período, disciplina “Saúde Mental”. Foram inseridas ou incrementadas aulas de Reforma Psiquiátrica, Atenção Psicossocial, abordagem ao uso de drogas, gravidez parto e puerpério, psiquiatria da criança e do adolescente, empatia, entrevista, psicoterapias, gênero e sexualidade, saúde mental na atenção básica. Desde agosto de 2016, as práticas do Internato são: CAPS (adultos, crianças/adolescentes, AD), Consultório na Rua, ambulatório de psiquiatria e prática na atenção básica. Situa-se dentro do Internato de Medicina de Família e Comunidade. Com as inserções cartográficas no Internato percebemos mais detalhes a respeito do ensino da Saúde Mental e das mudanças necessárias. A disciplina teórico-prática de Saúde Mental, ministrada no oitavo período, tem sido um analisador importante do processo em curso. A partir da necessidade de mudança que a conjuntura apontou, a reformulação da parte prática da disciplina tem como objetivo possibilitar aproximação dos estudantes com dispositivos da Rede de Atenção Psicossocial, como forma de construir conhecimento crítico e reflexivo acerca da Reforma Psiquiátrica brasileira e o modelo de atenção psicossocial. Objetiva-se contribuir para a construção de ferramentas e recursos para que o médico generalista, independentemente da sua futura especialidade, possa identificar os perfis de demanda clínica, os fluxos e processo de trabalho de cada serviço, para que tenha condições de realizar encaminhamentos implicados, oferecer projetos de cuidado integral e sustentar o trabalho em rede intersetorial a partir do serviço em que estiver, seja ele de saúde mental ou não. Abaixo seguem os principais eixos das atividades práticas definidos no último semestre, com os respectivos dispositivos em que se pretendeu conhecer o fluxo, a dinâmica de funcionamento e o processo de trabalho: 1) Clínica e processos de desinstitucionalização: Residência Terapêutica e equipe de desinstitucionalização do município; 2) Acompanhamento psicossocial de casos graves e crônicos: CAPS; 3) Clínica e política de álcool e outras drogas: Comunidade Terapêutica; 4) Saúde Mental e Atenção Básica: Casa de Convivência, ESF Campo D’Oeste e CRIAAD. A população demanda por atenção em saúde e os alunos querem colocar “a mão na massa”, praticar ações. A universidade, representada pelos professores e alunos, apresenta dificuldades para criar práticas que contemplem estas necessidades. Estamos encarando o desafio. Em mais um passo da Cartografia, introduzimos o estudo teórico-prático da Relação Médico-paciente no quarto período e uma introdução ao Exame Psíquico e Psicopatologia no quinto período. Fornecemos os mesmos textos da bibliografia do oitavo período. Resultado: No segundo semestre de 2019 os internos, pela primeira vez, se dispuseram a atender em duplas no ambulatório de psiquiatria. Colocamos a questão: a que se deve esta mudança? Percorremos o caminho destas indagações com os internos e professores. Ao insistir sobre o assunto com mais um grupo de internos surgiu de um deles uma possibilidade de resposta: as práticas melhoraram. Observamos, pela desenvoltura mostrada no Internato e nas práticas do quarto, quinto e oitavo períodos, que as mudanças no ensino estão provocando alterações na percepção que os alunos tinham dos chamados “transtornos mentais” e proporcionando melhor contato com a população. Considerações finais Com o conhecimento vindo da Cartografia criamos a “Iniciação Científica no Método da Cartografia” e o Projeto de Extensão “Uma Experiência em Matriciamento em Saúde Mental no Município de Macaé (RJ)”. A presença de “professores não médicos” (psicólogos/as), como os estudantes costumam nomear, tem sido um analisador complexo e potente de todo esse processo que merece análises e aprofundamentos futuros. No último semestre, lançamos mão de dois instrumentos: o portfólio reflexivo e o acompanhamento tutorial dos estudantes. Essa experiência demonstrou que a disponibilidade afetiva e para o vínculo com o estudante é um fator que tem feito diferença nesse contexto de formação. No dia 26 de agosto de 2019 um aluno do oitavo período se comunicou por escrito sobre o portfólio: “Eu me senti escrevendo para mim mesmo e não estamos acostumados a ter experiências assim durante a faculdade. Para ser sincero é a minha primeira, eu acredito. (...) Podemos escrever para nós mesmos, sem receios, mesmo sabendo que os outros lerão?”. Retornos como esses nos dão a certeza de seguir na aposta da disponibilidade afetiva e do vínculo, de criar espaços para que a subjetividade do estudante apareça e de afirmarmos a necessidade do ensino de saúde mental como algo transversal ao longo de todo o curso. Por tudo isso, vamos continuar a articular o conjunto professores-alunos-preceptores-população, para a criação conjunta de um ensino em Saúde Mental pluralista, dentro do preconizado pelas Diretrizes Curriculares de 2014 e condizentes com as necessidades da população. |
9259 | O OLHAR DE ESTUDANTES DE OUTRAS ÁREAS PARA A SAÚDE: UMA REFLEXÃO DO PROJETO VERSUS/BRASIL - MATO GROSSO Lucas Rodrigo Batista Leite, Romero dos Santos Caló, Aparecida Fátima Camila Reis O OLHAR DE ESTUDANTES DE OUTRAS ÁREAS PARA A SAÚDE: UMA REFLEXÃO DO PROJETO VERSUS/BRASIL - MATO GROSSOAutores: Lucas Rodrigo Batista Leite, Romero dos Santos Caló, Aparecida Fátima Camila Reis
Apresentação: Este trabalho se abre na intenção de evidenciar e iniciar reflexão sobre a participação de estudantes de outras áreas do conhecimento, no Projeto Vivências e Estágios na Realidade do Sistema Único de Saúde – VER-SUS/Brasil, que tem os acadêmicos das Ciências da Saúde como atores principais. Nosso interesse se alinha a nossa compreensão de saúde, em seu sentido lato, como bem estar bio-psíquico-social-espiritual, passível de compreensão/intervenção por qualquer saber/conhecimento. Para tanto, utilizamos como recorte três vivências VER-SUS, realizadas nos anos de 2016 e 2018, respectivamente, nas cidades de Cuiabá, Barra do Garças e Salto do Céu, ambas em Mato Grosso. Em Cuiabá, houve participação de estudante da graduação em Música, na organização da vivência; em Barra, de estudantes dos cursos de Letras e Física, como viventes; e em Salto, de aluno do bacharelado em geologia, na condição de convidado/palestrante. Entramos em contato, entre dezembro/2019 e janeiro/2020 com os participantes, via redes sociais, para responderem as seguintes perguntas: 1 - Quando você participou do VER-SUS, qual era a sua relação com a saúde? 2 – Como você conheceu ou ficou sabendo do projeto VER – SUS? 3 – Quais as repercussões do projeto na sua vida e na sua formação? 4 – Você percebia alguma associação do curso que fazia, com a saúde? 5 – Se estiver trabalhando, qual a repercussão do VER-SUS na sua atuação 6 – Quer falar mais alguma coisa? Não obtivemos retorno do estudante de música. De agora em diante, os participantes serão nomearemos como FIS, GEO e LET. Nenhum dos respondentes relataram possuir relação com a saúde. GEO e LET disseram defendê-la apenas enquanto uma, entre outras tantas pautas de sua/em sua militância (estudantil e social). FIS conheceu o projeto através do Facebook. Já GEO foi convidado a participar do VER-SUS, pela organização, na condição de palestrante/facilitar, dada a sua militância local; Tal como GEO, LET disse que conheceu o projeto através de amiga, membro da organização, no no Curso de Realidade Brasileira (CRB). O CRB é um curso organizado pelos movimentos sociais, cujo foco é compreender o Brasil (sua história, economia etc.), através de escritores/intelectuais brasileiros. Ambos os estudantes afirmam que o projeto modificou suas visões sobre o SUS. Para FIS, o VER-SUS mudou completamente sua opinião sobre o SUS, sobre o sistema público, descobrindo que o SUS é muito maior que policlínica e upa. GEO argumenta que além de repercussões em sua formação pessoal, o projeto permitiu-lhe conhecer o lado mais funcional do sistema, como a ESF, conhecer outros serviços que são pouco divulgados etc. De modo semelhante, LET aponta essa possibilidade de compreensão do funcionamento do sistema e enfatiza que o projeto ajudou a solidificar sua militância em defesa da saúde pública. FIS e LET disseram que seus respectivos cursos não possuíam nenhuma relação com a saúde, no entanto LET enfatizou que caso seu curso trabalhasse com temas transversais, seria possível abordar o assunto do SUS e questões relacionadas ao acesso à saúde no País. Por outro lado, GEO disse que a geologia tem um papel importantíssimo na saúde, já que um de seus papeis é suprir elementos importantes para a sociedade, como os minérios, minerais etc., que inclusive o próprio hospital se beneficia, desde a sua estrutura arquitetônica até em procedimentos clínicos (como em odontologia). Os estudantes ainda não estão no mercado de trabalho, não vislumbrando desta forma, repercussões no seu fazer profissional; importante dizer que FIS migrou para o curso de Educação Física e LET para o de direito. Nos comentários finais, os respondentes sinalizaram o desejo de continuidade do projeto. O VER-SUS/Brasil tem contribuído para que os estudantes em processo de formação/preparação para o mercado de trabalho (especificamente o da saúde pública) tenham a oportunidade de conhecer o funcionamento do SUS, bem como seus principais entraves. Tem contribuído também como um espaço de reflexão autopessoal, para aqueles que, por algum motivo, ainda possuíam uma crise identitária com seus respectivos cursos. E acima de tudo, tem potencializado/fortalecido lutas pelo/defesa do SUS que, como indicam os sanitaristas, encontra-se em processo de solidificação. Nesse sentido, apontamos para a necessidade de fortalecer o projeto, principalmente em tempos onde o privado se sobrepõe ao público. |
9285 | RELATO DE EXPERIÊNCIA DO ESTÁGIO SUPERVISIONADO OBRIGATÓRIO EM SERVIÇO SOCIAL: formação profissional na Secretaria Municipal de Saúde de Florianópolis/SC. Bruno Gonçalves Gavião RELATO DE EXPERIÊNCIA DO ESTÁGIO SUPERVISIONADO OBRIGATÓRIO EM SERVIÇO SOCIAL: formação profissional na Secretaria Municipal de Saúde de Florianópolis/SC.Autores: Bruno Gonçalves Gavião
Apresentação: O resumo em tela advém da experiência na formação profissional em Serviço Social na Atenção Básica de Saúde, vinculado a Secretaria Municipal de Saúde de Florianópolis (SMS), atuando no Núcleo de Apoio à Saúde da Família (NASF), no qual acompanhei o cotidiano profissional durante os semestres de 2017.2, 2018.1 e 2018. O estágio supervisionado em Serviço Social totalizou 614 horas, na SMS/NASF, e possibilitou a participação durante a rotina das Unidade Básicas de Saúde (UBS) pertencente aos bairro do Itacorubi, Pantanal, Córrego Grande, Saco Grande e Costa da Lagoa. O NASF atua dentro das diretrizes da ação interdisciplinar e intersetorial, desenvolvimento da noção de território, educação permanente em saúde dos profissionais e da população; integralidade, participação social, educação popular, humanização e promoção da saúde. A implementação pela Secretaria Municipal de Saúde tem como objetivo auxiliar na ampliação do acesso à saúde, dessa forma, conta com uma equipe multidisciplinar de profissionais da Estratégia de saúde da família (ESF), que é composta por: psicóloga, assistente social, nutricionista, farmacêutica, pediatra, psiquiatra e profissional de educação física; esses realizam um trabalho de matriciamento, ou seja, em conjunto discutem, pensam, analisam e verificam os casos dos usuários para que ele(a) tenha acesso integral. As ações do Serviço Social (Trindade. 2017) partem da escolha de um instrumentos e técnicas de procedimentos interventivos como elemento mediador que perpassa a comunicação da linguagem escrita e falada, que se aplica de caráter individual, coletivo, administrativo organizacional e formação profissional de capacitação e pesquisa, que envolvem demandas sociais, instituições e organizações das ações sociais vinculadas às políticas sociais. Atualmente o município de Florianópolis conta com sete Assistentes Sociais, mais residentes em Serviço Social e estagiárias(os), distribuídas em UBS, popularmente conhecidos como postos de saúde. A maior dificuldade atual está na precarização do trabalho das(os) profissionais frente ao número de demandas e do território, como locomoção, pouco tempo em cada UBS, que fragiliza os vínculos e afeta a continuidade no trabalho. Dessa forma, é notório que há a necessidade de que seja ampliado o quadro de profissionais. Com a inserção do Serviço Social na área da saúde, o Conselho Federal de Serviço Social (CFESS) construiu em 2010, um documento que aponta os “parâmetros para a atuação do assistente social na saúde”, composto por quatro eixos de ação. São eles: ações de atendimento direto aos usuários(as); elaborar ações de mobilização, participação e controle social de usuários(as), famílias, trabalhadores(as) de saúde e movimentos sociais; ações de investigação, planejamento e gestão, a fim de fortalecer a participação em favor dos usuários(as) e trabalhadores(as) de saúde; por fim, as ações de assessoria, qualificação e formação profissional que busca da melhoria na qualidade dos serviços. O Serviço Social tem como papel principal efetivar direitos e acompanhar os usuários na rede intersetorial, dialogando de forma contínua com demais instituições na área da saúde, tais como Centro de Atendimento Psicossocial (CAPS), Centro de Referências de Assistência Social (CRAS), Centro de Referência às Mulheres Vítima de Violência (CREMV), entidades de organização da sociedade civil e Conselhos de controle social das políticas públicas, utilizando como principais instrumentos de trabalho a entrevista, visita domiciliar, estudo social, matriciamento entre equipes e instituições. O estágio teve como objetivo a indissociabilidade entre as dimensões teórico-metodológica, ética-política e técnicooperativa, articulação entre Formação e Exercício Profissional, sua relação entre estágio e supervisão acadêmica e de campo, articulação entre universidade e sociedade, unidade teoria-prática, interdisciplinaridade, articulação entre ensino, pesquisa e extensão, conforme apontado pela Política Nacional de Estágio da ABEPSS (p. 13-14). Como apontado por Guerra (2009), o estágio deve capacitar o estudante para: investigar, analisar criticamente, desenvolver sua capacidade argumentativa e a utilizar, construir e renovar o instrumental técnico profissional. Problematizar o contexto socioinstitucional e o significado sócio-histórico do trabalho profissional, vislumbrar as formas de articular nossa prática a outras práticas profissionais, tecendo relações interdisciplinares, por meio das quais podem se estabelecer nexos políticos, reconhecer e refletir criticamente sobre sua visão de homem e mundo, seus preconceitos e estereótipos, desenvolver valores e adquirir competência. Portanto, dentre as atividades desenvolvidas pelo estagiário de Serviço Social no NASF destaco: Entrevistas com usuários (as) acompanhando a supervisora; Visita domiciliar; Matriciamento com equipes multiprofissionais e intersetorial; Análise do território; Visita às instituições; Reunião mensal NASF; Reunião de planejamento das Unidade Básica de Saúde; Participação do Conselho Municipal, Distrital e Local de saúde; Assembleia do sindicato (SINTRASEN); Reunião de categoria do serviço social da prefeitura; Leitura e fichamento de textos - como o Plano Municipal de Saúde, portarias referentes ao NASF e a atenção básica da saúde, parâmetro de atuação do Serviço Social na saúde; Participação do Encontro de Saúde mental e resistência antimanicomial - arte e loucura em tempo de recessão; Participação na divisão territorial do serviço social na SMS; Participação em programas, projetos coletivos ofertado no Centro de Saúde, como “tecendo cuidado” e o “grupo de cantoria”; Execução de atividades de educação permanente em saúde, sobre variáveis do Programa Bolsa Família e organização comunitária; Discussão de caso com participação multidisciplinar e de diferente complexidades da saúde; Produção documental; Devolutiva de material produzido; Relatórios de atividade de estágio; Solicitar, monitorar e avaliar a supervisão de campo e acadêmica; Oficina de instrumentos de atuação profissional e produção de documentos demandados pela supervisão acadêmica. As atividades foram registradas através do instrumento de diário de campo e relatórios de atividades de estágio, qual tem a finalidade de retomar e qualificar as ações, bem como é a memória da prática do estágio e das dúvidas, ambos foram adotados como instrumentos para supervisão acadêmica e de campo. Destaco deste período de estágio, a aproximação com os movimentos sociais e da sociedade civil que se deu pela imersão no território, com a aproximação direta na realidade dos(as) usuários que são assistidos pela atenção primária de saúde do município, qual possibilita a leitura da realidade associada ao teórico, possibilitando a intervenção pelos instrumentos profissional. Assim o processo histórico de reivindicação e conquista da comunidade por melhores condições de saúde; o movimento do sindicato dos servidores públicos por melhor condições de trabalho e contra o desmonte do Sistema Único de Saúde (SUS); o processo de planejamento e gestão do trabalho do Serviço Social; assim como a participação ativa nos espaços de conselhos de saúde, proporcionou aproximação com a movimento da realidade. Como aponta Guerra (2007), a construção de uma saída é orientada pelo projeto profissional crítico, que possibilita a construção permanente do perfil profissional que reconheça suas competências e uma direção crítica, visando a defesa dos direitos sociais e humanos, que saia da burocracia institucional e do modelo de produtivismo. Por fim, compreendemos que os limites institucionais são reflexos de um projeto societário de desmonte das políticas públicas em âmbito nacional, por ideologia neoliberal, e o reflexo do modelo médico centrado, que ainda possui muita força nas áreas da saúde, proporcionando uma correlação de força na relação interprofissional. No entanto, vemos com a aproximação da classe trabalhadora e dos movimentos sociais a saída para uma melhora na qualidade do trabalho prestado na democratização do serviço público, na disputa da hegemonia política. |
9516 | O APOIO INSTITUCIONAL NA QUALIFICAÇÃO DE TRABALHADORES DA ATENÇÃO BÁSICA SOBRE O PROTOCOLO DE ACESSO À POLICLÍNICA REGIONAL DE SAÚDE Aline Gomes Fernandes Santos, Nilma Lima dos Santos, Mariana Lisboa Costa, Samantha de Jesus Andrade, Rafaela Meira Barreto O APOIO INSTITUCIONAL NA QUALIFICAÇÃO DE TRABALHADORES DA ATENÇÃO BÁSICA SOBRE O PROTOCOLO DE ACESSO À POLICLÍNICA REGIONAL DE SAÚDEAutores: Aline Gomes Fernandes Santos, Nilma Lima dos Santos, Mariana Lisboa Costa, Samantha de Jesus Andrade, Rafaela Meira Barreto
Apresentação: A garantia de atenção integral figura como um dos maiores desafios para o Sistema Único de Saúde (SUS). Faz-se necessário uma rede estruturada com pontos de atenção para conseguir a integralidade desta atenção, estruturada a partir da Atenção Básica (AB), fortalecida e resolutiva. Ou seja, a AB, organizada como o primeiro nível de contato dos indivíduos, da família e da comunidade com o sistema de saúde, constitui elemento central do processo de atenção continuada à saúde, articulado em um sistema de referências para outros pontos da rede de serviços. No entanto, reconhece-se o vazio assistencial ligado ao apoio diagnóstico de imagem e laboratorial, assim como, do atendimento clínico especializado, que fragiliza a interface do cuidado entre a atenção básica e a alta complexidade. Essa lacuna dificulta o diagnóstico precoce de várias doenças nos serviços de AB. Consequentemente, diminui a qualidade do cuidado e tratamento prestado. Considerando este vazio, o Governo do Estado da Bahia iniciou, por meio de Consórcio Interfederativo entre Estado e municípios, o processo de implantação das Policlínicas Regionais de Saúde, uma unidade de apoio diagnóstico e terapêutico de média e alta complexidade. Diante do exposto, esse trabalho relata a experiência de Apoiadores Institucionais da Diretoria de Atenção Básica (DAB) da Secretaria da Saúde do Estado da Bahia (SESAB), na qualificação de trabalhadores da Atenção Básica sobre o Protocolo de Acesso à Policlínica Regional de Saúde, vinculada ao Consórcio Público Interfederativo de Saúde da Região de Alagoinhas. Os apoiadores institucionais, em parceria com os Núcleos Regionais de Saúde (NRS), realizaram oficinas de qualificação em seus respectivos territórios. A Macrorregião de Saúde Nordeste é composta por 33 municípios, divididos em duas Regiões de Saúde: Ribeira do Pombal e Alagoinhas. Os dezoito municípios da região de saúde de Alagoinhas aderiram ao Consórcio e utilizam-se dos serviços da Policlínica Regional. A oficina de qualificação foi ofertada aos 18 municípios da região, distribuídos em turmas com três municípios cada uma e facilitadas pelo apoiador institucional e técnico de referência do NRS Nordeste. Cada município foi contemplado com vagas para trabalhadores de duas equipes da Estratégia de Saúde da Família, o coordenador da Atenção Básica, o Secretário Municipal e um profissional referência da Regulação Municipal. A oficina foi dividida em duas etapas: apresentação dialogada sobre os Consórcios Públicos em Saúde e sobre a conformação do Consórcio Público em Alagoinhas, finalizando com o papel da Policlínica Regional de Saúde na rede de atenção à saúde. A segunda etapa, investiu na qualificação sobre o protocolo de acesso, a partir de dois estudos de caso. Observou-se que os gestores compreendem que uma AB resolutiva e organizada reduz a demanda por consultas e exames especializados e que a organização de fluxos de referência são necessários para equalizar a oferta de serviços intermunicipais em uma região de saúde. A oficina proporcionou a incorporação de tecnologias do cuidado na AB, ampliando a resolutividade das ações de Atenção Básica. |